Governo da Colômbia e as Farc passaram quatro anos em Havana, em Cuba, trabalhando em um entendimento para pôr fim a uma guerra de 52 anos (Alexandre Meneghini/Reuters)
Reuters
Publicado em 23 de novembro de 2016 às 10h40.
Bogotá - Um novo acordo de paz entre o governo da Colômbia e os rebeldes marxistas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) será assinado na quinta-feira e enviado ao Congresso para aprovação, disse o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, na terça-feira, tornando o encerramento formal da guerra civil de 52 anos cada vez mais próximo.
O documento revisado será assinado em Bogotá pelo líder das Farc, Rodrigo Londoño, e Santos, que recebeu o prêmio Nobel da Paz no mês passado por seu empenho em terminar o conflito com o grupo insurgente.
"Temos a oportunidade única de encerrar este capítulo doloroso de nossa história, que enlutou e afligiu milhões de colombianos durante meio século", disse o presidente em um discurso televisionado.
O governo da Colômbia e as Farc passaram quatro anos em Havana, em Cuba, trabalhando em um entendimento para pôr fim a uma guerra de 52 anos que matou mais de 220 mil pessoas e deslocou milhões.
O governo publicou o acordo de paz revisado na semana passada na esperança de obter apoio depois que o pacto original foi rechaçado por uma parcela do eleitorado que o considerou leniente demais com os guerrilheiros em um referendo no dia 2 de outubro.
Santos e Londoño assinaram o acordo original dois meses atrás em uma cerimônia emotiva diante de líderes mundiais e do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.
A decisão de ratificar o texto revisado no Congresso ao invés de realizar outro referendo irá irritar membros da oposição, particularmente o ex-presidente Álvaro Uribe, que liderou a iniciativa de rejeitar o pacto original e quer mudanças mais profundas na nova versão.
"Este novo acordo possivelmente não irá satisfazer a todos, mas é isso o que acontece com acordos de paz. Sempre há vozes críticas; é compreensível e respeitável", disse Santos, de 65 anos, alertando que outro plebiscito poderia dividir a nação e ameaçar o cessar-fogo bilateral.
O documento ampliado e altamente técnico de 310 páginas só parece fazer pequenas modificações no texto original, como esclarecer direitos de propriedade particular e detalhar mais explicitamente como os rebeldes serão confinados em áreas rurais por crimes cometidos durante a guerra.
Uribe o criticou por ser somente uma versão ligeiramente alterada do original, e quer que os líderes guerrilheiros sejam impedidos de exercer cargos públicos e presos por seus crimes.
As Farc, que começaram como uma rebelião contra a pobreza rural, enfrentaram uma dúzia de governos, além de grupos paramilitares de direita.
Um fim à guerra com as Farc dificilmente irá acabar com a violência na Colômbia, já que o negócio lucrativo da cocaína deu ensejo a gangues criminosas e traficantes perigosos.