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Colômbia completa dois anos de processo de paz com as Farc

Partes conseguiram pré-acordos em três dos cinco pontos que integram a agenda para assinar a paz


	Comandantes das Farc chegam às negociações com o governo da Colômbia, em Havana
 (Yamil Lage/AFP)

Comandantes das Farc chegam às negociações com o governo da Colômbia, em Havana (Yamil Lage/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2014 às 21h33.

Bogotá - A Colômbia completou nesta quarta-feira dois anos de diálogos de paz entre o governo e as Farc com declarações públicas de desejos da classe política e da sociedade civil para retomar as negociações que mais avançaram nos 50 anos que já dura o conflito armado.

Passados 24 meses de aberta em Havana a mesa de negociações, as partes conseguiram pré-acordos em três dos cinco pontos que integram a agenda para assinar a paz, com relação à propriedade da terra, participação política e drogas ilícitas.

Nunca em tentativas anteriores de paz tinha sido possível chegar tão longe. Contudo, na segunda-feira estas negociações sofreram um golpe com a suspensão dos diálogos ordenada pelo presidente Juan Manuel Santos.

Essa foi a resposta ao sequestro do general Rubén Darío Alzate, do cabo Jorge Rodríguez e da advogada Gloria Urrego feito pelas Farc em circunstâncias que estão sendo investigadas, pois os militares estavam à paisana e sem seguranças, apesar estarem em uma zona de forte presença guerrilheira no departamento (estado) de Chocó, no oeste de Colômbia.

Hoje, mobilizados pelo ocorrido, organizações civis e do próprio presidente Santos mostraram desejo de voltar à mesa para reiniciar as negociações.

"Precisamos acabar com as armas e a violência e esse conflito armado. Precisamos terminá-lo, por isso eu espero que este impasse que se apresentou em Havana se resolva em breve", disse Santos em um ato no centro do país.

Em seu primeiro pronunciamento público após afirmar na segunda-feira a suspensão até a libertação dos sequestrados, o líder suavizou o tom ao garantir querer "continuar as negociações para terminar" o conflito armado.

Enquanto isso, no centro de Bogotá, 300 pessoas convocadas pela esquerda e organizações civis se concentraram para pedir o reatamento dos diálogos com a guerrilha.

"Esta mobilização é feita, principalmente, para fazer ato de presença, para exigir que se retomem os diálogos de paz, que se resolvam as dificuldades conhecidas neste momento e para que se cumpram os acordos de Havana e ninguém se levante da mesa", disse à Agência Efe Jaime Caicedo, porta-voz da Frente Ampla pela Paz.

O grupo, integrado pela esquerda colombiana, convocou junto com organizações civis a concentração, que contou com grande presença de jovens que enxergam esta crise como uma oportunidade para apoiar os negociadores de ambas as partes.

"É a juventude a que está encarregada de construir o futuro da Colômbia, assim como uma pátria livre, soberana e com justiça social", disse à Efe Juan Camilo Villalobos, estudante de Ciências Políticas.

A ex-senadora Piedad Córdoba, um dos rostos de mais conhecidos do ato, considerou a concentração um sucesso porque demonstrou que "é muito difícil reverter o processo" de paz, e se mdisse convencida de que a libertação dos três reféns acontecerá em breve e, com ela, o reatamento das negociações.

No entanto, ainda não há informação sobre se acontecerá uma imediata libertação ou o lugar em que ela ocorrerá, conforme detalhou hoje o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, no departamento (estado) de Chocó, onde continuam as buscas pelo general e seus acompanhantes.

Para cooperar com a libertação está a postos o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A ele se uniram nas últimas horas indígenas da Colômbia, que ofereceram seu emblemático corpo de guardas para ajudar na tarefa.

"Nos colocamos a serviço da paz e do povo colombiano nossa estratégia milenar de resistência (...) Estamos dispostos a realizar um trabalho indígena humanitário liderado por centenas de guardas indígenas dos diferentes territórios do país", anunciaram.

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