Presidente da Colômbia, Gustavo Petro, em encontro com o líder venezuelano, Nicolás Maduro (JUAN BARRETO/Getty Images)
Repórter
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 19h59.
Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 20h03.
A Colômbia apresentou seu apoio a um plano que permitiria ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, entregar o poder a um governo de transição, que posteriormente ficaria responsável pela organização de novas eleições no país. As informações foram divulgadas pela Bloomberg.
Segundo a ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Rosa Villavicencio, Maduro poderia aceitar essa proposta caso tivesse garantias de proteção contra possíveis perseguições.
Em entrevista realizada em Madri nesta quarta-feira, Rosa Villavicencio afirmou: "Maduro poderia estar disposto a aceitar a proposta, desde que tenha a garantia de não ser preso. Outra pessoa poderia assumir a liderança dessa transição, permitindo a realização de eleições justas e legítimas."
Tanto o presidente colombiano Gustavo Petro, quanto o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, têm defendido a realização de novas eleições na Venezuela, após a eleição de 2024 ter sido amplamente criticada por alegações de fraude. Rosa Villavicencio observou que uma saída segura de Maduro do poder poderia ser "uma alternativa mais viável", embora fosse necessário o apoio da oposição venezuelana.
Além disso, a Colômbia tem demonstrado preocupação com as recentes ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que anunciou ataques a alvos ligados a cartéis de drogas na Venezuela, Colômbia e México. Desde setembro, forças americanas têm destruído embarcações de tráfico de drogas nos mares do Caribe e do Pacífico, com mais de 80 mortos.
A ministra das Relações Exteriores da Colômbia também alertou que uma intervenção militar dos EUA na Venezuela poderia resultar em um novo êxodo de migrantes. Estima-se que cerca de 8 milhões de venezuelanos tenham deixado o país na última década, com quase 3 milhões vivendo na Colômbia, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).
"Uma ação militar poderia desencadear uma crise humanitária de difícil manejo", afirmou Rosa.
Desde agosto, os Estados Unidos têm enviado navios de guerra e aeronaves para a região sul do Caribe, alimentando o receio de um possível ataque em solo venezuelano.
Até recentemente, Bogotá foi uma grande aliada de Washington, mas as relações se deterioraram após o início do segundo mandato de Trump. O presidente americano chamou Petro de “lunático” e “líder do narcotráfico”, cortou a ajuda humanitária e revogou seu visto. Em solidariedade a Petro, Rosa Villavicencio declarou que também renunciaria ao seu visto.
Nesta terça-feira, a ministra se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, para discutir e fortalecer a cooperação entre os dois países em áreas de desenvolvimento sustentável.