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Colômbia abre campo de refugiados para venezuelanos em fuga

Quase 96.000 venezuelanos entraram na Colômbia em novembro e cerca de 60.000 foram para Roraima, no Brasil

Polícia da Colômbia organiza chegada de refugiados venezuelanos: quase 100 mil chegaram ao país nas últimas semanas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Polícia da Colômbia organiza chegada de refugiados venezuelanos: quase 100 mil chegaram ao país nas últimas semanas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 12 de fevereiro de 2018 às 06h00.

A Colômbia instalou um abrigo junto à sua fronteira oriental para amparar a multidão de venezuelanos que fogem do desastre econômico e do governo autocrático de Nicolas Maduro e da devastação econômica. Políticos no Brasil pedem que o governo brasileiro também monte estrutura para receber os venezuelanos.

Os campos de refugiados, um elemento trágico comum na África e no Oriente Médio, são raros na América do Sul. No entanto, a migração de venezuelanos é de um volume inédito na região desde os conflitos armados que a assolaram há mais de duas décadas.

"Não há nada comparável, em termos de resposta a uma crise, desde os conflitos da Guerra Fria", disse Geoff Ramsey, especialista em Venezuela na ONG The Washington Office on Latin America.

Quase 96.000 venezuelanos entraram legalmente na Colômbia em novembro, mais do dobro do número registrado no mesmo mês do ano anterior. Cerca de 60.000 venezuelanos estão atualmente em Roraima, no Brasil, de acordo com deputados do Estado.

Nos dois países, autoridades têm tido dificuldade para lidar com esse fluxo de pessoas. O governo colombiano desalojou no mês passado centenas de venezuelanos que haviam ocupado um campo de esportes na cidade fronteiriça de Cúcuta, que se tornou um centro para os migrantes que se dirigem para outros lugares da América do Sul em busca de uma vida nova. Entre os desalojados, cerca de 130 foram deportados, a maioria de volta para o outro lado da fronteira.

"Estamos sendo o mais generosos possível com a situação dos venezuelanos", disse a ministra colombiana das Relações Exteriores, María Angela Holguín, a jornalistas em Bogotá na semana passada. "Mas é preciso haver ordem."

No sábado, o governo colombiano abriu o chamado Centro de Serviços Temporários nos arredores de Cúcuta. A instalação, que fornece comida e alojamento para 120 pessoas por até 48 horas, é administrada pela Cruz Vermelha e pela Agência das Nações Unidas para as Migrações.

"Este é um centro de atendimento para as pessoas que estão em viagem, que descansam ali enquanto conseguem transporte", disse Pepe Ruiz, prefeito do distrito. "Eu acho que eles não deveriam permanecer lá porque isso seria desastroso".

Roraima

A abertura do abrigo colombiano ocorreu dias depois de quatro deputados de Roraima terem se reunido em Brasília com o presidente Michel Temer, a quem entregaram uma carta cobrando a instalação de um centro de refugiados na fronteira ocidental do Brasil.

"As praças e ruas estão cheias de venezuelanos", disse o deputado Remídio Monai (PR) em entrevista à Bloomberg na segunda-feira. "Isso cria animosidade em relação aos venezuelanos. O governo federal está vendo tudo de longe, tranquilo."

Monai disse que a ONU poderia ajudar autoridades brasileiras a instalar acampamentos, mas isso poderia encorajar ainda mais pessoas a fugirem. O deputado relatou ter pedido que o governo brasileiro envie dinheiro, reforce o controle das fronteiras e transfira os venezuelanos para outros Estados.

Assunto local

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, disse à Bloomberg News na segunda-feira ser contra a instalação dos migrantes em campos de refugiados e que, até o momento, o governo federal não está considerando essa opção. Os venezuelanos precisam “é de assistência social, especialmente assistência médica" por parte das autoridades em Roraima.

Monai disse que a situação de emergência em seu estado não irá diminuir em breve.

"A situação na Venezuela é de grande desespero e provavelmente esse fluxo vai continuar", disse ele. "As pessoas estão dispostas a caminhar grandes distâncias para chegar a Roraima."

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