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Colapso a conta-gotas assombra a Califórnia

Três anos consecutivos de estiagem severa mergulharam o estado líder nos EUA em produtos agropecuários numa seca histórica que não dá sinal de trégua

Placa no campo alerta para risco de perda de empregos devido à seca na Califórnia (Getty Images)

Placa no campo alerta para risco de perda de empregos devido à seca na Califórnia (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 17h45.

São Paulo – A Califórnia está ficando sem água. Seus reservatórios reduziram-se a menos da metade. O recurso que resta está sob controle cerrado do governo. Para evitar o desperdício, algumas cidades impuseram multas severas. Enquanto isso, incêndios devastam as florestas ressequidas e a agricultura sofre perdas milionárias.

São os sintomas de um colapso a conta-gotas que assombra o maior centro industrial dos Estados Unidos e líder nacional na produção de produtos agropecuários. Reflexos de uma seca histórica que castiga a região há três anos.

Segundo estudo da Universidade da Califórnia em Davis, os custos diretos para a agricultura, uma atividade extremamente sedenta, já somam US$ 1,5 bilhão. É uma perda de receita líquida que representa 3 por cento do valor agrícola total do estado americano.

Um terço disso são gastos com bombeamento adiconal de água subterrânea, desde que o governo cortou o suprimento de água potável para as atividades agrícolas, a fim de poupar e priorizar o abastecimento para o consumo humano.

Dessa forma, os agricultores deixaram de contar com água da rede estadual e tiveram de buscar mais água a partir da perfuração de poços.

Pior, se a seca continuar por mais dois anos, como preveem os pesquisadores, as reservas de água subterrânea continuarão a ser usadas intensamente. E com o esgotamento das águas, a capacidade de bombeamento irá diminuir e os custos e perdas vão aumentar.

Medidas

(Getty Images)

Com o aprofundamento da crise hídrica, autoridades municipais aprovaram uma multa de US$ 500 por dia para quem for pego gastando água ao ar livre, como limpeza de calçadas e carro. A medida entrou em vigor no começo de agosto e vale inclusive para a rega de jardins e outras áreas verdes.

Todas as atividades de limpeza e asseio urbano sob responsabilidade dos órgão públicos, como paisagismo de parques e praças, estão proibidas de usar água portável. Por todos os lados, placas explicam a situação para a população.

Cada cidade tenta resolver o problema do seu jeito. Santa Clara, localizada no centro do Vale do Silício Vale, por exemplo, inaugurou uma mega usina de purificação de água residual. Por dia, o centro é capaz de converter 30 milhões de litros de águas residuais tratadas em água purificada, que será utilizada no paisagismo do município.

Ameaça

A seca tem intensificado a temporada de incêndios deste ano, criando mais combustível para o fogo. Mais de 11 mil agentes estaduais, municipais e federais bombeiros lutam contra pelo menos 11 grandes incêndios que se espalham pelo estado desde o dia 6 de agosto.

(REUTERS)

Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto de Políticas Públicas da Califórnia (CIPP) revela que secas e incêndios florestais estão no topo da lista de preocupações públicas relativas os impactos do aquecimento global.

Cerca de 62% dos entrevistados disseram que o aquecimento global já está tendo um impacto, enquanto 23% dizem que os efeitos do aquecimento global serão sentidos no futuro, e 12% dizem que nunca vai acontecer.

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