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Coalizão internacional admite ataque a exército sírio

A coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que bombardeou o que achava ser uma posição de combate jihadista na Síria


	Exército da Síria: morreram no bombardeio pelo menos 80 militares sírios
 (Sana / Reuters)

Exército da Síria: morreram no bombardeio pelo menos 80 militares sírios (Sana / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2016 às 22h08.

A coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico liderada pelos Estados Unidos admitiu nesta sábado que bombardeou o que pensava ser uma posição de combate jihadista na Síria, deixando pelo menos 60 soldados mortos. O Conselho de Segurança das Nações Unidas na noite deste sábado para tratar o caso.

Este bombardeio acontece no quinto dia de uma trégua frágil, marcada pelos contínuos enfrentamentos, enquanto Estados Unidos e Rússia buscam um acordo para pôr fim ao conflito na Síria.

"Esses ataques colocam em risco tudo o que foi conquistado até agora pela comunidade internacional", pelo Grupo Internacional de Apoio à Síria, por Moscou e por Washington, padrinhos do processo de paz na Síria, afirmou a porta-voz do ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zajarova.

Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), morreram no bombardeio pelo menos 80 militares sírios, enquanto Moscou contabiliza 62 mortos e cerca de 100 feridos.

"Caças de guerra da coalizão bombardearam uma das posições do exército sírio (...) perto do aeroporto de Ezzor", indicou o comunicado, ressaltando que havia baixas, embora sem informar detalhes.

A coalizão internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI) afirmou que bombardeou o que achava ser uma posição de combate jihadista na Síria, mas que interrompeu a operação depois do alerta de Moscou sobre a possibilidade de serem militares sírios.

O aeroporto de Deir Ezor, no leste da Síria, está cercado por combatentes do grupo Estado Islâmico (EI), que não fazem parte do cessar-fogo.

O bombardeio em Deir Ezor "é um ataque ousado e perigoso contra o Estado e o exército sírio, e uma clara evidência de que os Estados Unidos e seus aliados apoiam o grupo terrorista Dáesh", disse o comunicado sírio, utilizando o acrônimo árabe para EI.

O Pentágono confirmou os bombardeios. "Hoje mais cedo um avião da coalizão realizou um bombardeio ao sul de Deir Ezor, na Síria", afirma o comunicado do comando das forças americanas no Oriente Médio (Centcom).

"As forças da coalizão pensavam que atacavam uma posição de combate do EI, que acompanhavam há algum tempo. O ataque foi detido imediatamente quando os responsáveis da coalizão foram informados por funcionários russos de que era possível que as pessoas e os veículos atacados fizessem parte do Exército sírio", explica o Centcom.

"A Síria é um teatro de operações complexo, com diferentes forças militares e milícias que atuam em um perímetro próximo, mas a coalizão jamais atacaria intencionalmente uma unidade militar síria", diz o comunicado do comando de forças americanas no Oriente Médio. Várias dezenas de militares sírios teriam sido mortos no bombardeio.

A agência de propaganda do EI, Amaq, afirmou que o grupo jihadista tomou o controle da colina bombardeada.

Reunião do Conselho de Segurança

Após solicitação da Rússia, o Conselho de Segurança se reune neste sábado para consultas após os ataques.

"Vamos exigir de Washington explicações completas e muito detalhadas que deverão ser expostas ao Conselho de Segurança da ONU", disse de Moscou Maria Zajarova.

Damasco exige que "o Conselho de Segurança condene a agressão americana e obrigue os Estados Unidos a não fazer isso novamente e a respeitar a soberania da Síria", afirmou o ministério das Relações Exteriores sírio.

O ministério russo de Defesa acusou a "oposição moderada" síria de "ter feito fracassar" o cessar-fogo vigente.

A Rússia também informou aos Estados Unidos que há um "importante reagrupamento de combatentes armados no norte da província de Hama" e advertiu sobre a possibilidade de "uma tentativa de lançar uma ofensiva".

Ajuda humanitária não chega

Dezenas de milhares de civis, em particular nos bairros rebeldes sitiados de Aleppo, não receberam ainda a ajuda humanitária prometida.

As partes em conflito não se retiraram da rota do Castello, situada ao norte da cidade e escolhida pela ONU para levar a ajuda humanitária aos bairros rebeldes, no leste da cidade, onde vivem mais de 250.000 pessoas.

A Casa Branca informou sobre a "profunda preocupação" do presidente Barack Obama sobre o fato de que "o regime sírio continua bloqueando" o transporte de ajuda.

Sem garantias de segurança suficientes, os caminhões da ONU, repletos de alimentos e medicamentos, continuam bloqueados em uma zona entre a fronteira turca e síria.

"Não houve progressos, mas a ONU está pronta para agir enquanto tiver aval", disse à AFP um porta-voz do Escritório das Nações Unidas de Coordenação de Assuntos Humanitários.

Um correspondente da AFP em Aleppo indicou neste sábado que a cidade estava tranquila após o disparo de alguns foguetes durante a noite.

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