O secretário de Estado americano, John Kerry: "os terroristas querem nos separar, mas seus atos tiveram o efeito contrário, estão nos unindo" (Brendan Smialowski/AFP)
Da Redação
Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 11h10.
Londres - A coalizão contra o grupo Estado Islâmico (EI) se reúne nesta quinta-feira em Londres para abordar, entre outros temas, a ameaça dos jihadistas, reavivada pelos recentes atentados na França.
O secretário americano de Estado, John Kerry, e seu colega britânico, Philip Hammond, compartilharão a presidência do encontro na Lancaster House.
Participam da reunião representantes da diplomacia de Estados Unidos, Reino Unido, Espanha, Austrália, Bahrein, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Egito, França, Alemanha, Iraque, Itália, Jordânia, Kuwait, Holanda, Noruega, Catar, Arábia Saudita, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
A coalizão internacional se reuniu pela primeira vez a este nível em dezembro, na sede da Otan em Bruxelas.
"Os terroristas querem nos separar, mas seus atos tiveram o efeito contrário, estão nos unindo", disse Kerry pouco antes de chegar a Londres.
No encontro, "avaliaremos todas as linhas de atuação, e onde precisarmos reforçá-las o faremos", acrescentou.
"Temos que avançar em todas as frentes, militarmente, mas também policialmente, compartilhando informação de inteligência e abordando as causas para que os terroristas percam atratividade e os recrutas estrangeiros não se sintam motivados para ir a algum lugar e semear o caos".
Nesta quinta-feira, as discussões se concentrarão novamente na campanha militar contra alvos do EI, suas fontes de financiamento, suas comunicações estratégicas e sobre a ajuda humanitária à região.
A problemática dos combatentes estrangeiros que se somaram a grupos jihadistas será estudada com particular interesse, à luz dos recentes ataques em Paris.
"Dezessete países reforçaram sua legislação para agir contra os que querem viajar aos campos de batalha na Síria e no Iraque. Pensamos que é bom e teremos a chance de conversar sobre isso (em Londres), comparar as diferentes medidas e ver de que maneira podemos coordenar melhor", comentou um funcionário do Departamento americano de Estado.
Kerry e Hammond darão uma coletiva de imprensa ao término do encontro.
Uma ameaça que se reforça
Há duas semanas, três jihadistas mataram em Paris 17 pessoas em várias ações que reivindicaram em nome da Al-Qaeda e do EI.
Uma semana depois, uma operação antijihadista na Bélgica teve como alvo frustrar um atentado iminente.
Um relatório da comissão do Conselho de Segurança da ONU publicado em novembro avaliou em 15.000, de 80 países, o número de combatentes que se incorporaram a organizações radicais como o Estado Islâmico.
Para cortar o fluxo de jihadistas, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e seu colega turco, Ahmed Davutoglu, se comprometeram na terça-feira a cooperar dividindo as listas de passageiros dos voos civis entre os dois países.
O medo de novos ataques em países em guerra contra o Estado Islâmico continua sendo grande.
"Estou inquieto porque a ameaça é mais forte e se reforça", disse à AFP o eurodeputado conservador francês Arnaud Danjean, ex-membro dos serviços de informação.
"Temo um golpe importante da Al-Qaeda, que não desistiu de atacar na Europa. Mas a ameaça mais angustiante é a do terrorismo atomizado porque sua detecção é muito complicada", acrescentou. "O problema com o Estado Islâmico é que não comanda nada, mas inspira ações".
A coalizão se reúne em Londres horas antes da expiração do ultimato que pesa sobre dois reféns japoneses ameaçados de morte pelo EI, que exige um resgate de 200 milhões de dólares.
Esta soma equivale à quantia da ajuda militar prometida pelo Japão aos países afetados pela ofensiva do EI. O país não estará representado na reunião da coalizão, mas o ministro das Relações Exteriores japonês, Fumio Kishida, se reuniu na quarta-feira em Londres com seu colega Philip Hammond.