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Clima pode causar migrações inéditas na Ásia-Pacífico, aponta estudo

Segundo relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento, região onde vivem 4 bilhões de pessoas será uma das mais afetadas por fenômenos extremos nas próximas décadas

Cheias no Paquistão, em agosto de 2010, deixaram 5 milhões de desabrigados no país. (Getty Images)

Cheias no Paquistão, em agosto de 2010, deixaram 5 milhões de desabrigados no país. (Getty Images)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 10 de fevereiro de 2011 às 11h30.

São Paulo - Cada vez mais devastadores e constantes, os fenômenos climáticos extremos devem provocar deslocamentos em massa de milhares de pessoas em todo mundo. Mas é na Ásia-Pacífico que os movimentos migratórios prometem atingir níveis recordes. Segundo relatório do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), a região, que abrange 28 países e ilhas do Pacífico, será uma das mais afetadas pelas mudanças climáticas nas próximas décadas.

De acordo com o relatório, a região registrou 85% de todos os eventos extremos ocorridos entre os anos 2000 e 2009. E o futuro preocupa. Estamos falando de 4 bilhões de pessoas, cerca de 60% da população mundial, sob riscos de enfrentar secas, inundações, tufões e ciclones de violência destruidora.

No ano passado, condições meteorológicas extremas na Malásia, República Popular da China e Filipinas obrigou milhões de pessoas a abandonarem suas casas para sobreviver, enquanto o Paquistão enfrentava a pior inundação da sua história, que deixou cinco milhões de desabrigados. Desde janeiro, o Sri Lanka já passou por duas ondas de enchentes, que ameaçam até 90% da produção de arroz, um dos principais produtos de exportação desse país.

O relatório "Migração em razão da mudança climática exige atenção", um estudo preliminar de uma análise maior que o BAD deverá lançar em março, alerta que nenhum mecanismo internacional foi criado para controlar todo esse fluxo migratório. "As ações de proteção e assistência continuam a ser insuficientes, mal coordenadas, e dispersas", afirma o documento. "Os governos nacionais e a comunidade internacional têm de resolver urgentemente esta questão de forma pró-ativa".


Segundo Bart W. Édes, diretor da divisão de Redução de Pobreza, Gênero e Desenvolvimento Social, a migração vai atingir de maneira diferente cada grupo social. Os mais afetados pelos fenômenos extremos, diz ele, serão os mais pobres e, portanto, mais vulneráveis. "Em muitos lugares, os menos capazes de lidar com o mau tempo e a degradação ambiental serão obrigados a mover-se com poucos recursos para um futuro incerto. E aqueles que permanecem em suas comunidades, vão lutar para manter a subsistência em ambientes de risco, à mercê dos caprichos da natureza", afirma.

No lado positivo, o relatório destaca que, se devidamente gerida, a migração induzida pelo clima pode criar novas oportunidades para as populações deslocadas em ambientes menos vulneráveis. "É preciso entender a migração causada pelo clima como um movimento global que deverá se intensificar. Por isso, precisamos de políticas públicas que contribuam para a adaptação da nova população", enfatiza.

O estudo completo, chamado "Mudanças Climáticas e as Migrações na Ásia-Pacífico, que sai em março,  vai apresentar um projeto do Banco Asiático de Desenvolvimento com propostas de políticas de apoio e de financiamento para tratar dos deslocamentos causados pelo clima na região.

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