Enchentes nas Filipinas, em 22/12/2017 (Aclimah Cabugatan Disumala/Reuters)
Vanessa Barbosa
Publicado em 31 de março de 2018 às 07h18.
Última atualização em 31 de março de 2018 às 07h18.
São Paulo - Todos os anos, secas, enchentes e furacões obrigam milhares de pessoas a abandonarem suas casas e seus países de origem em busca de um recomeço. Essas pessoas fazem parte de um grupo crescente, os chamados "refugiados climáticos". Mas os eventos extremos também criam "migrantes climáticos", grupos deslocados nos próprios países afetados.
Segundo um relatório do Banco Mundial, até 2050, os impactos das mudanças do clima podem levar 140 milhões de pessoas a migrarem dentro das fronteiras de seus países, criando uma crise humana que pode ameaçar o processo de desenvolvimento nesses países.
Divulgado neste mês, o estudo é o primeiro do tipo a avaliar os efeitos de deslocamento populacional potencial de eventos extremos em três áreas em desenvolvimento: a África Subsaariana, Sul da Ásia e América Latina.
As principais causas para a migração interna associadas a eventos climáticos incluem escassez de água, perdas de safra agrícola, secas, aumento do nível do mar e fortes tempestades.
Ser obrigado a mudar de região traz graves implicações de ordem psicológica. Estudo da Associação Americana de Psicologia divulgado no ano passado mostrou que a "perda do lugar" de vida pode levar à perda de identidade pessoal e profissional, perda de estruturas de apoio social, perda do senso de controle e autonomia, além de alimentar sentimentos de desamparo, medo e fatalismo.
Esses milhares de “migrantes climáticos” se somariam às milhares de pessoas que já se deslocam em seus países por razões econômicas, sociais e políticas, alerta o relatório.
No pior cenário, as mudanças climáticas poderiam gerar 86 milhões de migrantes na África Subsaariana, 40 milhões no Sul da Ásia e 17 milhões na América Latina.
Mas com ações enérgicas - incluindo esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e planejamento robusto de desenvolvimento em nível nacional - este pior cenário de mais de 140 milhões de afetados poderia ser drasticamente reduzido em até 80%, poupando mais de 100 milhões de pessoas.