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Cinco perguntas-chave sobre os mísseis norte-coreanos

O míssil Hwasong-14 alcançou uma altitude de 2.802 km e sobrevoou uma distância de 933 km, segundo a Coreia do Norte

Teste de míssil da Coreia do Norte: o país já sofre várias sanções das Nações Unidas e de diversos países por seus testes (KCNA/Reuters)

Teste de míssil da Coreia do Norte: o país já sofre várias sanções das Nações Unidas e de diversos países por seus testes (KCNA/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de julho de 2017 às 17h27.

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira ter desenvolvido um míssil balístico intercontinental (ICBM) que "vai dar fim às ameaças e à chantagem de guerra nuclear dos Estados Unidos".

O míssil Hwasong-14 alcançou uma altitude de 2.802 km e sobrevoou uma distância de 933 km, antes de alcançar um alvo no mar, afirmou o regime de Pyongyang. Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul deram números semelhantes.

O míssil intercontinental é autêntico?

Ainda que as forças sul-coreanas e americanas tenham confirmado alguns detalhes sobre o lançamento desta terça, não confirmaram, contudo, que o foguete se trate de um ICBM.

Os comandantes da tropa americana no Pacífico e da Rússia falaram em "míssil de alcance intermediário". O presidente sul-coreano Moon Jae-In disse, por sua vez, que Seul estava analisando o resultado de um teste "levando em conta de que poderia se tratar de um ICBM".

David Wright, especialista da organização americana Union of Concerned Scientists, afirmou que o alcance de 6.700 km é suficiente para "atingir todo o Alasca".

Se for um ICBM, o que vai mudar?

O simples fato de a Coreia do Norte ter desenvolvido uma arma deste porte mudaria consideravelmente o contexto atual.

Pyongyang realizou cinco testes nucleares, dois deles em 2016. O regime norte-coreano multiplica seus esforços para produzir uma ogiva nuclear pequena o bastante para ser acoplada num míssil.

Estar em posse de um ICBM aumentaria o peso de Pyongyang nas suas futuras negociações internacionais para obter concessões dos Estados Unidos.

Contudo, colocar vários mísseis deste tipo para funcionar não é rápido, explicou Lee Chun-Keun, investigador do Instituto de Política Científica e Tecnológica de Seul.

O que a comunidade internacional pode fazer?

A Coreia do Norte já sofre várias sanções das Nações Unidas e de diversos países por seus testes com mísseis e bombas atômicas, que violam as resoluções da ONU.

Consequentemente, o país já está totalmente isolado no cenário comercial e financeiro internacional, logo novas sanções provavelmente teriam pouco impacto.

"Em termos de pressão econômica, nós pressionamos, pressionamos e pressionamos, mas eles não dependem realmente de intercâmbios internacionais e não são responsáveis perante seu povo", disse o ex-presidente americano Barack Obama numa conferência em Seul.

Por isso, as estratégias empregadas por Washington para forçar países como o Irã a renunciar a seu programa nuclear funcionam menos com a Coreia do Norte, completou Obama.

Outra opção são as chamadas "sanções secundárias" contra as empresas que comercializam com o país e que, nesse caso, poderia afetar a China como um todo.

Qual é o papel de Trump?

O presidente americano Donald Trump não acredita que um ICBM possa chegar ao seu país. "Não vai acontecer!", disse ele no Twitter. "Esse cara não tem nada melhor para fazer da vida?", questionou ele após o lançamento.

A tensão cresceu desde que Trump chegou ao poder, poise ele não descarta o uso da força militar americana contra a Coreia do Norte, uma decisão que poderia desatar um conflito regional.

A China pode resolver a situação?

O papel da China, principal parceira econômica da Coreia do Norte, é fundamental na crise. "A China pode fazer um gesto forte sobre a Coreia do Norte, pondo fim a esse absurdo de uma vez por todas", disse Trump no Twitter.

Os norte-coreanos dependem do seu vizinho para exportações, obtenção de divisas e intercâmbios comerciais de todo tipo.

No começo de 2016, Pequim deu fim às importações de carbono norte-coreano, uma represália inesperada. Mas o gigante asiático parece pouco propenso a impor medidas que realmente desestabilizem a Coreia.

A China teme particularmente a queda do regime, que acarretaria na chegada massiva de refugiados a seu país ou até, no pior dos casos, na entrada de tropas americanas na sua fronteira, em uma futura Coreia reunificada.

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