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Cinco mulheres-chave nas eleições da Itália

Em um país dominado por homens, tanto na vida econômica quanto na política, cinco candidatas se destacam por sua história e personalidade

Emma Bonino: a candidata prestes a completar 70 anos é defensora do divórcio, do aborto e da morte digna (Max Rossi/Reuters)

Emma Bonino: a candidata prestes a completar 70 anos é defensora do divórcio, do aborto e da morte digna (Max Rossi/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de março de 2018 às 16h09.

Em um país dominado por homens, tanto na vida econômica quanto na política, cinco candidatas se destacam por sua história e personalidade na disputa das eleições legislativas de 4 de março na Itália:

A combatente Emma Bonino

Prestes a completar 70 anos (9 de março), a conhecida ativista do outrora Partido Radical, defensora do divórcio, do aborto e da morte digna, que foi comissária europeia e ex-ministra das Relações Exteriores e que luta há anos contra um câncer de pulmão, é uma das políticas mais veteranas e admiradas da Itália.

Bonino, que se apresenta com seu movimento em coalizão com o Partido Democrático de centro esquerda de Matteo Renzi, volta para a política ativa para defender a integração dos imigrantes e o projeto de uma Europa unida.

Seu movimento "Mais Europa" aponta para superar o limite de 3% necessário para entrar no Parlamento.

Giorgia Meloni, 'la pasionaria' da direita

A dirigente do partido de direita pós-fascista Irmãos da Itália, Giorgia Meloni, de 41 anos, não perde a esperança de chegar a ser, um dia, a primeira mulher a governar a Itália. Ex-ministra de um dos governos de Silvio Berlusconi, lidera um partido de extrema direita (5% dos votos), aliado - neste pleito - dos conservadores de Berlusconi e dos xenófobos da Liga Norte de Matteo Salvini.

Seu lema "primeiro, os italianos", suas críticas à União Europeia e as promessas de preservar a família tradicional encontraram eco entre os indecisos.

Contrária à concessão de cidadania italiana aos nascidos na Itália de pais estrangeiros, Meloni, uma romana de personalidade forte, entrou aos 15 anos no Movimento Social Italiano, os herdeiros de Benito Mussolini.

Mãe de um bebê, ela recorre, nestas eleições, ao chavão "mãe e mulher", embora se oponha ao casamento homossexual e à adoção de crianças por parte de pessoas do mesmo sexo.

Laura Boldrini, alvo do ódio machista

Ela costuma ser o alvo preferido da atrozes campanhas de ódio nas redes sociais.

Presidente da Câmara dos Deputados da legislatura em final de mandato e candidata do movimento de esquerda "Liberi e Uguali" (Livres e Iguais), Laura Boldrini talvez seja a política mais ameaçada, insultada e perseguida da península.

Os ataques pessoais são implacáveis e têm, quase sempre, conotações machistas e sexistas.

A mulher de mais alto escalão na Itália tem de ser protegida 24 horas por dia.

Ex-porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), costuma ser acusada de promover a invasão de imigrantes pela defesa de seus direitos e atacada por suas denúncias contra a desigualdade de gênero na Itália, um país no qual quase metade das mulheres não trabalha.

Maria Elena Boschi, a bela

Foi o rosto fresco e belo do governo de centro esquerda liderado por Matteo Renzi. A responsável pela reforma constitucional promovida por Renzi, depois rejeitada por um referendo que levou à sua queda, manteve-se no governo subsequente de Paolo Gentiloni como subsecretária de Estado. Uma posição desconfortável que gerou muitas críticas. Seu papel se enfraqueceu ainda mais pelas polêmicas em torno do resgate de um banco, do qual seu pai era diretor e sócio.

Candidata do PD em cinco distritos eleitorais, entre eles um garantido, Maria Elena é um caso especial, já que se apresenta tanto na Sicília quanto em Bolzano, duas regiões nos extremos norte e sul da península, com problemas muito diferentes e que ela pouco conhece.

Beatrice Lorenzin, a ministra das vacinas

A ministra de Saúde em final de governo, a médica Beatriz Lorenzin, de 46 anos, combate sem trégua a resistência, no país, às campanhas de vacinação.

Como ministra do governo de centro esquerda do PD, tornou obrigatória a vacinação infantil contra 12 doenças evitáveis. Também promoveu um decreto-lei que impede as crianças não vacinadas de frequentarem a escola e que impõe o pagamento de uma multa aos pais.

A xenófoba Liga Norte e o Movimento Cinco Estrelas prometeram derrogar sua lei, o que classificou de "populismo insano". Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de crianças vacinadas por sarampo na Itália é menor do que 80%, muito abaixo do mínimo recomendado de 95%. Por esse motivo, novos casos vêm sendo registrados.

Membro da pequena legenda de centro-direita "Civismo popular", espera ser chave nas possíveis negociações entre as coalizões de direita e esquerda em caso de empate técnico, como muitos preveem.

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