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Cientista russo afirma que trabalhou no programa Novichok

Leonid Rink afirmou que havia um grupo de especialistas que desenvolviam o agente tóxico em Moscou e em Shikhany

Novichok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas, explicou Leonid Rink (Henry Nicholls/Reuters)

Novichok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas, explicou Leonid Rink (Henry Nicholls/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de março de 2018 às 09h53.

Última atualização em 20 de março de 2018 às 09h57.

Um cientista russo afirmou ter trabalhado no programa Novichok para criar agentes tóxicos como o que supostamente foi usado para envenenar o ex-espião russo Serguei Skripal no Reino Unido, de acordo com uma entrevista publicada pela agência de notícias estatal Ria-Novosti.

"Novichok não é uma substância, é todo um sistema de armas químicas", explicou Leonid Rink, apresentado pela agência como um dos diretores do programa.

A Grã-Bretanha considera que uma destas substâncias provocou o envenenamento de Skripal, um ex-agente russo, e de sua filha no dia 4 de março na Inglaterra.

"Eles continuam vivos. Isto significa que não era o sistema Novichok ou que foi aplicado de modo descuidado", completou.

"Ou logo depois da aplicação, os ingleses usaram um antídoto, o que significa que eles teriam que saber exatamente qual era o veneno".

A existência deste programa foi revelada por Vil Mirzayanov, um químico russo refugiado nos Estados Unidos. Ele afirmou que os agentes nervosos foram criados na década de 1980 por cientistas soviéticos.

O governo russo, no entanto, nega que já tenha existido um programa de desenvolvimento de armas químicas chamado Novichok, agora ou no período da União Soviética.

"Havia um grande grupo de especialistas que desenvolviam o Novichok em Moscou e em Shikhany, técnicos, toxicólogos, bioquímicos (...) Conseguimos ótimos resultados", disse Rink à agência Ria-Novosti.

De acordo com o cientista, o programa se chamava Novichok-5. "O nome sempre era acompanhado do número", explicou.

Rink, porém, não acredita que a Rússia tenha responsabilidade no envenenamento de Skripal, que permanece internado em estado grave.

"Disparar contra um indivíduo que não tem interesse com um míssil de tal calibre e, apesar disso, não conseguir atingi-lo é o cúmulo da estupidez", disse.

Segundo Rink, a tecnologia do programa Novichok está ao alcance de "qualquer Estado desenvolvido" ou qualquer grande empresa farmacêutica.

"Desenvolver uma arma assim não supõe nenhum problema", disse.

Procurado pela AFP após a publicação da entrevista, o ministério russo das Relações Exteriores repetiu que "nunca existiu um programa de pesquisas e desenvolvimento chamado Novichok".

 

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