Agência de notícias
Publicado em 22 de setembro de 2025 às 10h44.
Prefeituras de ao menos 21 cidades da França hastearam bandeiras da Palestina nesta segunda-feira, 22, horas antes da conferência na ONU em que o país deve anunciar o reconhecimento oficial do Estado palestino.
A iniciativa contraria recomendação do governo francês, que havia solicitado neutralidade em repartições públicas. O ministro do Interior, Bruno Retailleau, citou riscos de distúrbios à ordem pública, lembrando que o país abriga a maior comunidade judaica da Europa.
Uma das primeiras cidades a desafiar a orientação foi Saint-Denis, na região metropolitana de Paris, em ato que contou com a presença do líder socialista Olivier Faure. Segundo ele, o gesto é um recado de que “a França não é apenas o presidente, mas todo o povo por trás da solução de dois Estados”.
A ação ocorre enquanto cresce a condenação internacional a Israel pela guerra em Gaza e aumenta a pressão por medidas concretas na Europa, apesar da resistência de países como Alemanha e Itália.
O reconhecimento da Palestina pela França vem sendo articulado há meses, em meio a um movimento diplomático internacional. No domingo, Reino Unido, Canadá, Portugal e Austrália anunciaram formalmente o reconhecimento do Estado palestino. Outros países europeus, como Bélgica, Luxemburgo, Malta e San Marino, devem seguir Paris nesta segunda-feira.
A ofensiva diplomática gerou forte reação em Israel. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que não haverá Estado palestino e prometeu ampliar colônias na Cisjordânia. Ministros de extrema direita pediram a anexação dos territórios ocupados.
Apesar da carga simbólica, as medidas práticas até agora têm sido limitadas. A União Europeia cogita tarifas mais altas para produtos israelenses, mas não há consenso. Já a ajuda humanitária à Faixa de Gaza enfrenta obstáculos, enquanto o número de solicitantes de asilo aceitos permanece restrito.
Na Itália, sindicatos organizaram greves e protestos em cidades como Milão, Nápoles e Roma para exigir sanções contra Israel. Pesquisas apontam que 63,8% dos italianos consideram a situação humanitária em Gaza “extremamente grave”.
A Alemanha, por sua vez, reafirmou que o reconhecimento só deve ocorrer ao fim de uma negociação. “Uma solução negociada de dois Estados é o único caminho para paz e dignidade de israelenses e palestinos”, disse o ministro das Relações Exteriores Johann Wadephu.