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Cidades devem equilibrar necessidades do passado e do futuro

“Precisa equilibrar necessidades imediatas, que vão se traduzir em votos, com as necessidades no longo prazo”, disse Hazem Galal, da PwC


	Cingapura: “São Paulo, Rio de Janeiro e Recife não concorrem apenas entre si para atrair investimentos, concorrem com Cingapura, Hong Kong, Xangai e Beijing”, disse Galal
 (Clive Mason/Getty Images)

Cingapura: “São Paulo, Rio de Janeiro e Recife não concorrem apenas entre si para atrair investimentos, concorrem com Cingapura, Hong Kong, Xangai e Beijing”, disse Galal (Clive Mason/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2013 às 16h56.

São Paulo – Muitos projetos que precisam ser feitos nas cidades para que elas se desenvolvam levam muitos anos até que os objetivos sejam atingidos – e muitas vezes o resultado desses projetos não se traduz em votos. Esse é o desafio, segundo Hazem Galal, sócio da PwC – Qatar. “Precisa equilibrar necessidades imediatas, que vão se traduzir em votos, com as necessidades no longo prazo”, disse Galal durante o EXAME CEO – O desafio das grandes cidades, realizado hoje em São Paulo.

As cidades precisam equilibrar necessidades do passado e do futuro, segundo Galal, que trabalhou durante 25 anos na formulação de estratégias de negócios e em reformas no setor público em empresas de consultoria e na ONU. Galal destacou a necessidade de estratégias e visões de longo prazo. “Tem que pensar como investir no básico e pensar como vai ser o futuro da cidade em termos de posicionamento global, inovação e mais atividades baseadas no conhecimento”, afirmou. 

Existem alguns atributos que as cidades precisam para a mudança acontecer, segundo Galal. Além de ter uma visão clara para a cidade, a primeira coisa é a liderança. “Esse fator já existe no Brasil, mas não é o suficiente”, disse.  Também são necessárias a gestão de programas, de parcerias com o setor privado, o monitoramento do desempenho e outras atribuições em termos de gestão. 

Entre os fatores que devem estar no radar das cidades está a eficiência energética. Galal, que já viveu no Brasil, aproveitou para lembrar que apagões aconteciam “com frequência” no país. “Várias vezes os recursos energéticos estão lá, mas não estão sendo gerenciados de maneira eficiente”, disse. 

No caso da ocorrência de problemas, os prefeitos acabam sendo cobrados, mesmo quando a responsabilidade é do governo estadual. “Um prefeito sempre é cobrado pelos resultados pelo cidadão, que não quer saber do governador, mas do prefeito que está na frente dele mesmo quando essas partes não fazem parte do domínio do prefeito”, disse Galal. 

Investimentos

“São Paulo, Rio de Janeiro e Recife não concorrem apenas entre si para atrair investimentos, concorrem com Cingapura, Hong Kong, Xangai e Beijing”, disse Galal. Há uma concorrência global, o que acaba exigindo um trabalho de branding por parte das cidades. “Hoje em dia a cidade tem atributos, uma imagem que ela tem que gerar”, disse. 


O lado financeiro tem sido “muito exigente” com as cidades, e cada vez elas tem que fazer mais com menos, segundo Galal. “No Reino Unido, por exemplo, o governo central passou mais funções para as cidades sem passar os recursos”, exemplificou. 

Várias cidades no Brasil estão começando a criar órgãos de atração de investimentos.  Algumas cidades, até menores, estão trabalhando com o setor privado. “Essa parceria já está acontecendo no Brasil, tem que acontecer e alavancar isso de maneira mais forte”, disse Galal. 

Galal apresentou casos de diferentes cidades que mostram que as pequenas também podem concorrer com as maiores. Um dos casos citados foi a consultoria à Beijing após a olimpíada de 2008. “O que eles queriam fazer era passar da velha mentalidade de plano de cinco anos do partido comunista para uma visão mais de longo prazo. Ajudamos a ver como vai ser o mundo até 2050. O horizonte que eles tem passou de três a cinco anos para 40 anos”, disse Galal. 

O especialista encerrou sua apresentação mostrando um gráfico em que em um dos eixos estava a capacidade de uma cidade planejar e implementar e em outro a capacidade de realmente executar os planos. “Algumas cidades no mundo ainda estão dormindo, não planejam nada nem implementam nada, algumas estão sonhando, com muitos planos, mas nunca chegam a implementar nada, outras cidades são aventureiras, fazem primeiro e depois se perguntam para que fizeram e finalmente, onde todo mundo quer estar, onde há bons planos e todos os mecanismos de implementar e acompanhar”, explicou Galal. 

O especialista exemplificou o modelo com os países que foram ou serão sede da Copa do Mundo. Para o especialista, a África do Sul estaria entre os que estão pensando qual foi o legado; na Alemanha foi tudo bem planejado e implementado, o Qatar está sonhando, “nem vou dizer onde está o Brasil, vou deixar vocês pensarem”, afirmou. 

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