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Cidades chinesas reagem a "epidemia" das bicicletas de aluguel

Há 2 anos, o boom de bicicletas no país pareceu uma boa ideia, mas agora pedestres começam a reclamar dos bloqueios nas calçadas pelo meio de transporte

Bikes alugadas na China (Aly Song/Reuters)

Bikes alugadas na China (Aly Song/Reuters)

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EFE

Publicado em 8 de novembro de 2017 às 06h41.

Pequim - Parecia uma ideia boa e ecológica na China há dois anos, quando o aluguel - com pagamento por celular - de bicicletas que podiam ser deixadas em qualquer lugar virou moda, mas hoje a modalidade se transformou em um pesadelo para pedestres e municípios.

A ideia das bicicletas de aluguel com estacionamento livre nasceu de estudantes da Universidade de Pequim, que criaram em 2014 a marca pioneira (Ofo) e a tiraram do campus em 2015, mudando a aparência das cidades chinesas.

A possibilidade de estacionar as bicicletas em qualquer lugar, mudando o habitual sistema de aluguel em ancoragens ou áreas designadas, foi a chave do sucesso de uma indústria que na China já tem 70 marcas diferentes pelas ruas e 16 milhões de unidades.

No entanto, pedestres de grandes cidades como Pequim e Xangai começaram a se queixar neste ano de que estas bicicletas apertadas bloqueiam ruas e calçadas, forçando-os a caminhar pelas faixas de veículos ou impedindo o acesso com facilidade, por exemplo, ao metrô.

A situação levou muitas cidades do país a proibir o aumento da oferta de aluguel de bicicletas. Pequim foi uma das primeiras a fazê-lo, em setembro, quando o número deste meio de transporte chegou a 2,35 milhões.

As câmaras municipais de outras metrópoles como Xangai (com 1,5 milhão de bicicletas), Shenzhen, Wuhan e Cantão imitaram a capital chinesa. Agora são 13 as cidades que estabeleceram um limite após ficarem saturadas.

Os regulamentos nasceram para tentar concentrar as bicicletas em áreas designadas, impedir que sejam estacionadas em áreas residenciais ou abandonadas no meio da rua, exigindo que as empresas que administram o serviço se responsabilizem por retirá-las periodicamente.

A Ofo, que disputa com a Mobike, também de Pequim, o título de empresa dominante do setor, garante que entende estas medidas.

"Nós respeitamos todas os regulamentos que Pequim, Xangai e outros governos introduziram, por isso deixamos de introduzir bicicletas adicionais imediatamente", afirmou uma porta-voz da Ofo à Agência Efe.

"Contratamos funcionários para recolocar algumas destas bicicletas do centro (de Pequim) para os arredores, como o governo sugeriu, e fortalecemos nosso pessoal em áreas movimentadas para garantir que os veículos estejam estacionados de forma ordenada", acrescentou.

A empresa, que já está expandindo a ideia para cidades como Londres, Manchester, Florença, Milão, Cingapura e Bangcoc, defende que, acima de alguns problemas logísticos que precisam ser resolvidos, promoveu grandes benefícios ao transporte urbano.

"À medida que as cidades estão cada vez mais povoadas e mais caras, o aluguel de bicicletas é uma alternativa viável a longo prazo ao transporte público, táxis ou carros particulares", defendeu a porta-voz.

A Mobike, que com suas icônicas bicicletas de cor laranja rivaliza com as amarelas da Ofo, considera que diante da saturação nas cidades chinesas a solução é partir para o mercado externo.

A empresa, que já implantou suas bicicletas em países como Reino Unido, Cingapura, Cazaquistão, Tailândia, Malásia, Japão e Áustria, planeja um "exército" de 20 milhões de unidades em 200 cidades do mundo.

Mas em algumas cidades europeias o sistema já foi proibido, e em Madri, a Câmara municipal anunciou que vai regulamentar o setor para evitar uma invasão.

A saturação não apenas trouxe problemas urbanos, mas também econômicos para algumas das muitas empresas que surgiram com a bolha do setor, e no mês de junho veio a primeira falência de uma das companhias, Wukong Bicycle, seguida logo depois pela quebra da 3VBike.

Isso cria novos problemas, como milhares de bicicletas abandonadas pela marca que as gerenciava, pois houve cidades como Xian, no centro da China, que estabeleceram a obrigatoriedade de as empresas avisarem com um mês de antecedência as autoridades sobre o fechamento ou falência.

Muitas delas, afirmou recentemente o jornal "China Daily", "não vão sobreviver em um setor impiedoso, e algumas terão que se fundir".

Na semana passada, de fato, aconteceu a primeira dessas fusões, entre a Youon, cujas bicicletas azuis e amarelas também são muito populares em Pequim, e a Hello-Bike.

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