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Cidade rural do Japão lança "caça a jovens"

Cerca de 93% da população japonesa hoje vive em grandes cidades, e o interior rural está vazio e empobrecido

Japão: cidades rurais estão oferecendo facilidades para reconquistar os jovens (Mark Thompson/Getty Images)

Japão: cidades rurais estão oferecendo facilidades para reconquistar os jovens (Mark Thompson/Getty Images)

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EFE

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 13h07.

Yusuhara (Japão) - As cada vez mais despovoadas e envelhecidas zonas rurais do Japão estão à procura de jovens: em um esforço para manter sua vitalidade, oferecem até 4 milhões de ienes (cerca de R$ 110 mil) para cada família que se mudar para longe da cidade grande.

A sobrevivência destas zonas está em grave risco devido ao acelerado ritmo de emigração - sobretudo de pessoas jovens - às grandes cidades do país, nas quais vivem 93% dos habitantes do Japão.

Para impedir seu desaparecimento, a pequena cidade de Yusuhara, na região de Kochi e a quase duas horas do aeroporto mais próximo, oferece altos benefícios para a construção de casas na região, assim como aluguéis a um preço quase simbólico.

"Temos um desafio. Todos os nossos esforços se concentram agora em fazer com que as pessoas (jovens) se mudem para cá permanentemente. De outro modo, não seremos capazes de nos manter", explica Mayumi Matsuyama, chefe da seção de Planejamento e Finanças da prefeitura de Yusuhara.

Cercada de montanhas, rios e árvores - que ocupam 90% de seu território -, Yusuhara parece, à primeira vista, mais uma cidade do tranquilo e vazio Japão rural.

No entanto, as medidas adotadas por sua prefeitura estão revertendo a tendência de despovoamento das áreas rurais do país, deixando como resultado uma cidade revitalizada após a chegada de jovens famílias.

Em dois anos e meio, 92 pessoas decidiram se mudar para Yusuhara. O objetivo é conseguir até 2020 uma população de quatro mil habitantes - frente aos 3.690 atualmente.

Sohei Ueda, de 34 anos, nasceu e cresceu em Yusuhara, mas se mudou à cidade de Kochi (600 mil habitantes) após completar os estudos.

Agora, Ueda, ao lado da mulher e de suas duas filhas, voltou a viver em sua cidade natal, graças aos quase 4 milhões de ienes que recebeu da prefeitura.

"Voltei a Yusuhara porque nos dão muitos subsídios", explica Ueda, que agora trabalha na indústria madeireira.

"Não tive nenhum inconveniente para voltar, embora seja uma zona rural. Além disso, quero criar minhas filhas livremente nesta natureza", continua.

No entanto, a opinião de Ueda não é muito compartilhada: em apenas 15 anos (2000-2015), a proporção de população residente em áreas urbanas no Japão aumentou de 78% para 93%, segundo dados do Banco Mundial.

A "Grande Tóquio", considerada a maior área metropolitana do planeta, conta com 36,13 milhões de habitantes, o que representa mais de um quarto da população japonesa.

No entanto, Taichiro Omura afirma não sentir saudades de sua vida na capital do Japão.

"Há experiências que não podia vivenciar quando estava na cidade grande, (onde) você sempre se sente atacado, de alguma forma ou de outra. Aqui posso utilizar essa energia extra e destiná-la a outros fins. Posso centrá-la em outras coisas", afirma o compositor e músico de 35 anos.

A prefeitura de Yusuhara aluga casas vazias da cidade durante um período de 10 anos, as reforma e as coloca à disposição dos novos inquilinos, que pagam apenas 15 mil ienes (pouco mais de R$ 400) por mês de aluguel pela casa completa.

Caso os novos residentes decidam construir sua própria casa usando materiais locais, podem receber até dois milhões de ienes (R$ 55 mil) da prefeitura, mais um milhão (R$ 27 mil) extra se o proprietário tiver menos de 40 anos.

Estes altos benefícios provêm da verba que Yusuhara recebe do governo do Japão e do governo da Prefeitura de Kochi para conter o êxodo rural.

Por sua vez, além da "fuga" às cidades, o crescente número de idosos dificulta a estabilidade da população, devido ao maior número de falecimentos que de nascimentos.

O Japão é o país com maior taxa de população idosa do mundo: 26% de seus habitantes têm mais de 65 anos, número que se eleva a 42% no caso de Yusuhara.

Omura reconhece que se mudar para Yusuhara significou uma melhora em sua qualidade de vida e o de sua família: "Meu filho está agora mais sadio, e não só fisicamente, mas mentalmente".

Um horto com galinhas substituiu seu pequeno apartamento em Tóquio.

"Há algo mais natural em tudo o que faço", conclui com um grande sorriso.

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