Mundo

Abbottabad, cidade onde Bin Laden foi morto, tem rotina pacata

Moradores de Abbottabad não sabiam da presença do ilustre terrorista em uma mansão de luxo na cidade

A cidade de Abbottabad, no Paquistão, onde Osama bin Laden foi morto (Bk2006/Wikimedia Commons)

A cidade de Abbottabad, no Paquistão, onde Osama bin Laden foi morto (Bk2006/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 2 de maio de 2011 às 21h28.

Abbottabad, Paquistão - Cerca de 12 horas após o anúncio de que membros das tropas americanas mataram Osama bin Laden, uma mistura de indiferença e incredulidade tomou conta da pacata cidade de Abbottabad, no norte do Paquistão, onde a ação militar aconteceu.

No bairro residencial de Pilal, onde fica a mansão na qual estava o líder da rede terrorista Al Qaeda, ninguém conseguia acreditar que tivesse como vizinho o homem mais procurado do mundo, e cuja morte não quebrou a rotina de uma cidade que agora se tornou famosa em todo o mundo.

Na manhã de hoje, o cenário parecia o mesmo de sempre: estudantes com hiyab (conjunto de trajes islâmicos), pessoas indo às compras no mercado central e um tráfego de veiculos congestionado. A presença do exército na região do "ponto 0" - a casa onde vivia bin Laden - era o único sinal de mudanças.

Inúmeros moradores evitavam perguntas e faziam gestos bruscos caso algum jornalista se aproximasse com uma câmera na mão, outros faziam piada com a notícia, e havia ainda quem dissesse que era tudo mentira.

"Vi na televisão, disseram que levaram o corpo", disse à Agência Efe sem esconder um certo mal-humor Ajmal Wahhab, dono de uma loja de pneus. "Onde mataram bin Laden?", disse por sua vez um vizinho de Wahhab que ouviu a pergunta.

Outros recorreram a fontes indiretas para manter certa distância. "Quem me disse foi um amigo, mas não tenho televisão, não sei de nada", afirmou Rehman, proprietário de um posto de gasolina.

Ibrahim, clérigo de uma mesquita, preferiu não se manifestar. "Não tenho sentimentos positivos ou negativos, não tenho opinião", disse.

Shehbaz, gerente de uma loja de telefones, foi além, e afirmou que para ele se trata de uma farsa. "Não é fácil matá-lo, não é um homem qualquer. Os Estados Unidos estão mentindo, ele não está morto", opinou.

A imprensa começou a chegar em massa a Abbottabad, que só tinha visto semelhante volume de pessoas em período de férias. Pouco povoada, e cercada por belas paisagens campestres, a cidade é local de descanso para as classes média e alta de Islamabad, que fica a cerca de 100 quilômetros de distância.

Apesar da progressiva invasão de jornalistas, o esforço para chegar ao local terá pouca recompensa para a maioria deles. As autoridades mantinham desde a tarde um forte esquema de segurança que impedia o acesso à região onde forças especiais americanas abateram bin Laden.

"Algumas coisas precisam ser mantidas em sigilo", disse à Agência Efe um soldado em um dos postos de controle do cordão de segurança, que conta com um perímetro de três quilômetros e cerca totalmente a área onde está a casa em que vivia o líder da Al Qaeda.

Trata-se de uma mansão de três andares, avaliada em um US$ 1 milhão e localizada não muito longe da academia militar de Kakul. Recentemente, neste local, o chefe das Forças Armadas do Paquistão, Ashfaq Pervez Kiyani, declarou que as tropas de seu país "quebraram a espinha dorsal dos terroristas".

Embora tenha divulgado que a operação militar que matou bin Laden foi realizada por forças americanas, o governo paquistanês emitiu hoje um comunicado no qual afirmou que a operação "ilustra" seu compromisso de lutar contra o terrorismo.

Acusado com frequência de não adotar uma postura firme nessa questão, o governo dizia no texto que interpretou "um papel significativo contra o terrorismo", e que em seu empenho mantém uma relação fluente com vários serviços de inteligência. "Entre eles - concluía o comunicado -, os dos Estados Unidos".

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaOsama bin LadenPaquistãoPolíticosTerrorismo

Mais de Mundo

Manifestação reúne milhares em Valencia contra gestão de inundações

Biden receberá Trump na Casa Branca para iniciar transição histórica

Incêndio devastador ameaça mais de 11 mil construções na Califórnia

Justiça dos EUA acusa Irã de conspirar assassinato de Trump; Teerã rebate: 'totalmente infundado'