É como se todas as árvores do Ipiranga e de Santo Amaro tivessem sumido (Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2011 às 09h38.
São Paulo - Cada vez mais cinza, monocromática, árida. Nos primeiros sete meses do ano, a São Paulo que já sofre com a falta de verde autorizou o corte de 18.005 árvores, o mesmo número existente nos Parques do Ibirapuera e Villa-Lobos juntos. É como se todas as árvores do Ipiranga e de Santo Amaro tivessem sumido - saíram os jerivás e pimenteiras, entraram os prédios residenciais e obras de infraestrutura.
Foram 84 árvores a menos por dia, 2.572 por mês. O levantamento foi feito com base em dados da Comissão do Verde e Meio Ambiente da Câmara Municipal de São Paulo e nas autorizações de corte de árvores publicadas no Diário Oficial da Cidade. Em 2010, segundo a Prefeitura, 10.693 árvores foram cortadas. Esses balanços não levam em conta o corte ilegal de vegetação e o desmatamento de áreas ocupadas por favelas, o que inflaria o número para patamares mais impressionantes.
Em todos os casos, a Prefeitura exige o replantio de alguns exemplares e a doação de mudas para compensar a perda de vegetação - segundo especialistas, uma prática executada sem sucesso e com fiscalização insuficiente. Isso porque, quando transplantadas para outro lugar, as árvores têm grande probabilidade de secar e morrer. Além disso, não há um acompanhamento para que as mudas plantadas "vinguem" e virem novas árvores. Ou seja, mesmo a compensação sempre está longe de remediar o problema.
"Além de perdermos árvores antigas, qualquer um vê que a contrapartida não funciona. É só analisar o número de mudas secas morrendo nos canteiros da cidade", diz o arquiteto Marcelo Novaes, morador do Morumbi, na zona sul. Há três meses, ele pede a poda de uma árvore na frente de sua casa, sem resposta da Prefeitura. "O morador não consegue evitar que uma árvore caia de podre, mas as construtoras conseguem desmatar terrenos inteiros." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.