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CIA adverte Trump que seria "loucura" abandonar acordo com Irã

O diretor da CIA também afirmou que Trump deve ser cauteloso com a Rússia

John Brennan: o político republicano ameaçou abandonar o pacto nuclear entre o G5+1 e o Irã (Larry Downing/Reuters)

John Brennan: o político republicano ameaçou abandonar o pacto nuclear entre o G5+1 e o Irã (Larry Downing/Reuters)

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EFE

Publicado em 30 de novembro de 2016 às 08h31.

Londres - O diretor da CIA, John Brennan, advertiu ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que seria "desastroso" e uma "loucura" deixar o acordo nuclear com o Irã, como o magnata ameaçou fazer durante a campanha eleitoral.

Em uma entrevista à rede britânica "BBC" divulgada nesta quarta-feira, Brennan também afirmou que Trump deve ser cauteloso com a Rússia por considerar que Moscou está por trás de grande parte do sofrimento na Síria.

Durante a campanha para as eleições americanas, o político republicano ameaçou abandonar o pacto nuclear entre o G5+1 (EUA, Rússia, França, Reino Unido e China, mais Alemanha) e o Irã e sugeriu que o governo americano teria uma relação muito mais estreita com o governo russo.

"Acredito que isto seria desastroso. O fato de uma administração encerrar um acordo feito pela administração anterior não teria precedentes", disse Brennan à emissora britânica antes de deixar seu cargo em janeiro.

Para o diretor da CIA, uma medida assim, que qualificou de "loucura", ajudaria a fortalecer os políticos linha dura no Irã.

Em suas declarações, Brennan ressaltou que há muitas áreas nas quais o novo governo tem que agir com "prudência e disciplina", como a linguagem utilizada em matéria terrorista e as relações com a Rússia.

O diretor da CIA opinou que o regime sírio de Bashar al Assad e a Rússia foram responsáveis pelo massacre de civis no conflito sírio, que qualificou de "degradante".

Na opinião do chefe de inteligência dos EUA, seu país deveria continuar com o respaldo dado pela Administração de Barack Obama aos rebeldes moderados que lutam contra o regime de Assad.

Brennan acrescentou que a Rússia é crucial para o futuro da Síria, mas se mostrou cético sobre a possibilidade de um acordo que ajude a pôr fim à guerra civil.

"Não tenho confiança de que os russos vão ceder até que possam ser capazes de conseguir o maior sucesso tático possível no campo de batalha", disse o diretor da CIA.

Além disso, Brennan advertiu sobre a contínua ameaça terrorista já que há grupos "muito ativos" dentro do Estado Islâmico (EI) que planejam atentados e querem demonstrar sua capacidade de operar no Ocidente.

O diretor da CIA acrescentou que é preciso cuidado no uso da linguagem porque isto pode ser aproveitado por organizações terroristas para mostrar que os EUA estão contra o islã, algo que, segundo ele, não é assim.

Trump indicou que quer o congressista Mike Pompeo para o posto de novo diretor da CIA.

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