Índia e China: fronteira tem se tornado espaço de confronto (Rupak De Chowdhuri/Reuters)
AFP
Publicado em 28 de junho de 2020 às 12h14.
A China reforçou suas tropas na fronteira indiana com combatentes de artes marciais mistas (AMM) e alpinistas, após o recente conflito com o Exército indiano em uma área do Himalaia disputada pelos dois países - informou a imprensa oficial.
Em meados de junho, tropas dos dois gigantes asiáticos se enfrentaram, corpo a corpo, em um episódio de extrema violência, em Ladakh, um disputado vale a quase 4.000 metros de altitude. No incidente, morreram 20 soldados indianos e um número desconhecido nas fileiras chinesas.
Esse confronto foi o primeiro em décadas entre os dois países.
Cinco novas divisões de milícia, incluindo lutadores de um clube da AMM e ex-membros do revezamento da chama olímpica no monte Everest, foram apresentadas em 15 de junho durante uma inspeção oficial em Lhasa, informou o jornal oficial do Exército chinês, "China National Defense News".
A televisão estatal CFTV mostrou imagens de centenas de militares em formação na capital do Tibete (sudoeste da China), uma região de fronteira com a Índia.
O envio dessas milícias, das quais os membros do clube AMM Enbo fazem parte, "vai melhorar muito a organização e a força de mobilização" das tropas, assim como sua "reação rápida", declarou o comandante da zona militar regional, Wang Haijiang, citado pelo mesmo jornal.
Esses milicianos foram recrutados para "reforçar a fronteira", afirmou o "China National Defense News" em matéria publicada na semana passada na rede social WeChat.
O jornal não estabeleceu nenhuma relação direta entre os lutadores da AMM e as tensões recorrentes com Nova Délhi. Mas a Índia é o único país, com o qual a China mantém disputas territoriais na região do Himalaia.
Os dois vizinhos trocam acusações pelos enfrentamentos na madrugada de 16 de junho na região de Ladakh, no norte da Índia, marcados por socos e ataques com pedras e pedaços de pau.
Na última quinta-feira, a Índia disse ter reforçado suas tropas nesta disputada zona. Oficiais militares e diplomatas continuam negociando para tentar acalmar as tensões entre os dois países, que travaram uma guerra fronteiriça em 1962.