Oferecimento:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião bilateral com o vice-primeiro-ministro da China, Ding Xuexiang, em Belém (Ricardo Stuckert/Presidência)
Repórter de macroeconomia
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 19h13.
A China veio para a COP30, em Belém, com uma delegação grande, para defender duas de suas principais posições em relação às mudanças climáticas. O país quer o fim de barreiras a produtos como baterias e placas solares e defende, historicamente, que as nações desenvolvidas invistam mais para compensar os efeitos das mudanças no clima.
Na reunião da Cúpula de Líderes da COP30 nesta quinta-feira, 6, a China foi representada por Ding Xuexiang, vice-primeiro-ministro. Em seu discurso, ele defendeu o multilateralismo e o fim das barreiras comerciais para produtos verdes, como painéis solares e baterias.
"O mundo deve enfrentar as barreiras comerciais e garantir a livre circulação de produtos ecológicos de qualidade", disse Xuexiang.
A China é o principal produtor mundial de vários produtos e tecnologias fundamentais para o avanço das energias limpas, como painéis solares, baterias e carros elétricos.
Ao reduzir significativamente o custo destes componentes, o país ajudou a disseminar o uso de novas fontes de energia e de carros elétricos pelo mundo. No entanto, países como os Estados Unidos e diversos membros da União Europeia colocaram taxas sobre esses itens, sob justificativa de proteção à indústria local e acusações de que o país asiático exporta seu excedente de produção de forma desleal no mercado.
Ao mesmo tempo, no entanto, a China não anunciou investimentos em financiamento para o combate às mudanças climáticas.
O país endossou formalmente o TFFF, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, principal anúncio feito na COP30 até agora, mas não se comprometeu a fazer aportes neste momento.
"Países como a China foram muito importantes em dizer que vão apoiar. Não anunciaram valores, mas fizeram chegar a informação de que estão embarcando no projeto", disse Fernando Haddad, ministro da Fazenda.
A postura da China de não contribuir com dinheiro para a questão climática vem de bastante tempo. "Um dos princípios para a China é a de responsabilidades comuns, porém diferenciadas, de que os países desenvolvidos têm uma responsabilidade histórica com o aquecimento global muito maior do que os países em desenvolvimento", diz Claudia Trevisan, diretora-executiva do Conselho Empresarial Brasil-China.
Assim, explica Trevisan, a China defende que os países ricos devem apoiar os que estão em desenvolvimento agora, pois eles se beneficiaram da poluição no passado para enriquecer.
Ao mesmo tempo, a China tem avançado muito no uso de energias verdes. Em 2024, o país somou capacidade instalada de energia solar de 887 GW, a maior do mundo. O total é quatro vezes o total que o Brasil produz de energia, somando todos os modos.
Porém, a China também é a maior emissora de gases de efeito estufa e responde por cerca de 30% do total global, pois ainda usa muita energia gerada a partir da queima do carvão.
Em setembro, o presidente chinês Xi Jinping anunciou as suas metas de redução de poluentes (NDCs), que são parte do Acordo de Paris, e se comprometeu a reduzir suas emissões entre 7% e 10% até 2035. Especialistas apontam que o ideal seria chegar a 30%, segundo o jornal The Guardian.
Nesta quinta, o vice-premiê Xuexiang reafirmou que o país “fará esforços para reduzir as emissões de carbono, diminuir a poluição, buscar o desenvolvimento verde e impulsionar o crescimento econômico".
Xuexiang é um dos sete membros permanentes do Politburo, o comitê central que comanda a China e tem como líder o presidente Xi Jinping.
Xi não veio para a COP, mas a China enviou uma delegação com mais de 300 pessoas, uma das maiores do evento, segundo o governo do Pará. O presidente chinês também não foi às últimas edições da COP e participou da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, por vídeo.