Presidente da China, Xi Jinping: governo central aprovará apenas projetos que serão realizados para aumentar as medidas de segurança ou para recuperar funções dos escritórios (Edgard Garrido/Reuters)
Da Redação
Publicado em 24 de julho de 2013 às 13h57.
Pequim - O presidente da China, Xi Jinping, advertiu quando chegou ao poder que seu mandato seria marcado pela austeridade nos gastos públicos, mas demorou meses para decretar a primeira medida, uma ordem que proíbe a construção de novas sedes do Governo durante cinco anos.
A ordem chegou sem anúncios prévios na terça-feira, quando um comunicado conjunto do Conselho de Estado (Governo central) e do Partido Comunista da China anunciou que até 2017 não há possibilidade de Prefeituras e Governos terem de novas sedes.
A ordem, que diz "Acorde com a campanha nacional de austeridade", também proíbe novas estruturas oficiais tais como centros de formação de líderes e hotéis para pessoas que ocupam altos cargos estaduais, como os que existem em Pequim e outras grandes cidades do país.
Porém, serão permitidas obras de remodelação e restauração de antigas instalações. O Governo central examinará estes projetos e só aprovará os que serão realizados para aumentar as medidas de segurança ou para recuperar funções dos escritórios, proibindo obras "caras e desnecessárias".
Na direção estatal se denuncia que nos últimos anos foram construídas algumas sedes de Governos locais irregularmente e com grandes excessos orçamentários, "o que danificou a imagem do Partido Comunista e do Governo, aumentando a veemência do descontentamento público".
Nos últimos meses, circularam na China muitas notícias sobre a construção de edifícios excessivamente grandes e luxuosos para os Governos locais, alguns deles imitando famosas estruturas como o Capitólio de Washigton e o Grande Palácio de Pequim.
Foi muito notável em dezembro do ano passado a denúncia contra o Governo de Jinan, capital da província litorânea oriental de Shandong, que tinha edificado uma nova sede de 370 mil metros quadrados que a transformava no segundo edifício oficial maior do mundo, apenas atrás do Pentágono americano.
O edifício, que possiu 40 elevadores e 45 mil terminais telefônicos, custou US$ 640 milhões. Porém, quando sua existência ficou conhecida em outras zonas do país, sua construção despertou muitas críticas dos cidadãos chineses pelo desperdício de sues responsáveis políticos.
O afã por grandes sedes é uma amostra do furor do setor da construção da China, país que neste mesmo mês inaugurou o maior edifício do mundo em superfície (um centro comercial de 1,76 milhões de metros quadrados na cidade de Chengdu) e iniciou as obras do mais alto arranha-céu do planeta.
Antes ainda, em 2008, o excesso de tamanho, luxo e ostentação dos edifícios governamentais em locais quase desconhecidos também foi motivo de muito debate, quando o terremoto de maio daquele ano afetou vários locais do país, deixando quase 90 mil mortos.
Em alguns locais afetados por aquele terremoto, enquanto escolas e edifícios residenciais foram derrubados, vários edifícios de Governos locais, construídos com melhores materiais, ficaram de pé e sofreram poucos danos, o que muitos criticaram como uma amostra de que os políticos não se preocupavam com o povo.
Xi Jinping, secretário do Partido Comunista da China desde novembro de 2012 e presidente do país desde março deste ano, prometeu medidas de austeridade que começaram timidamente no final do ano passado, com um proibição de grandes banquetes oficiais e outros atos "extravagantes".
Aquela proibição teve já, no entanto, suas consequências: marcas de licores de luxo do país asiático e restaurantes de luxo nas grandes cidades se queixam que, por causa da proibição, sofreram grandes perdas.
Inclusive houve rumores de que o supermercado que existe no interior de Zhongnanhai, o recluso recinto do centro de Pequim onde vivem os máximos líderes comunistas, ia a fechar as portas, embora isto nunca tenha sido confirmado.
"O Governo tem que apertar o próprio cinto, para que o povo viva confortavelmente", analisava hoje, em artigo da agência oficial "Xinhua", o especialista Wang Yukai, da Academia Chinesa de Governo.