Repórter
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 15h04.
Última atualização em 3 de outubro de 2025 às 15h15.
A China tem pressionado o presidente americano, Donald Trump, a reconsiderar as restrições de segurança nacional que afetam os acordos com empresas chinesas nos Estados Unidos, oferecendo possível pacote de investimentos como parte de uma proposta que alteraria uma década de políticas.
Entre as exigências feitas pelos negociadores do presidente Xi Jinping está a redução de tarifas sobre produtos importados da segunda maior economia do mundo. Segundo a Bloomberg, a contrapartida de Pequim seria ter fábricas chinesas construídas nos EUA.
Essas propostas foram discutidas durante encontros comerciais em Madri, na Espanha, no mês passado, segundo a agência de notícias. Durante as negociações, as duas partes deram os primeiros passos para um acordo para permitir que o TikTok, rede social chinesa da companhia ByteDance, continuasse suas operações nos Estados Unidos, apesar das preocupações de segurança nacional levantadas por legisladores americanos.
Os chineses haviam inicialmente sugerido um valor de US$ 1 trilhão no começo deste ano, embora ainda não esteja claro qual o tamanho exato do investimento que está sendo discutido.
Após os encontros em Madri, o Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer, comentou ao jornal Fox Business que as discussões entre os dois lados giraram em torno do "ambiente de investimento nos Estados Unidos para empresas chinesas". Poucos dias depois, Xi pediu a Trump, por telefone, que criasse condições favoráveis para que "empresas chinesas investissem" nos Estados Unidos.
Essas propostas fazem parte de um conjunto de solicitações mais amplas, incluindo a pressão para que os Estados Unidos modifiquem sua posição de longa data sobre Taiwan, uma questão delicada para Washington. Além disso, elas marcam uma mudança nas negociações comerciais em comparação com o primeiro mandato de Trump, que se concentravam principalmente na compra de exportações americanas, enquanto os investimentos nos Estados Unidos são analisados sob uma rígida revisão de segurança nacional.
Um porta-voz afirmou à Bloomberg que o governo está focado em garantir que a China cumpra com suas obrigações atuais. A autoridade também mencionou que os Estados Unidos continuam a dialogar com a China para assegurar condições mais justas para empresas, agricultores e trabalhadores americanos. O governo chinês até o momento não apresentou nenhuma declaração sobre as negociações.
Trump afirmou que se encontrará com Xi Jinping em uma cúpula na Coreia do Sul neste mês. A possibilidade de os Estados Unidos aceitarem a proposta da China ainda não foi definida, embora uma das fontes tenha indicado à Bloomberg que nada foi descartado.
Fica ainda incerto o valor exato do investimento proposto e como esse compromisso seria estruturado, com a estrutura do TikTok — em que uma entidade chinesa tem suas operações sob controle americano nos EUA — sendo uma possibilidade.
Matt Pottinger, ex-vice-conselheiro de segurança nacional dos EUA, afirmou que permitir um aumento substancial do investimento chinês na economia americana seria uma grande concessão a Pequim. "Isso significaria que os EUA se tornariam parte da Iniciativa Cinturão e Rota — ou seja, seu destino final", disse, referindo-se ao projeto global de infraestrutura lançado pela China em 2013, com um valor superior a US$ 1 trilhão, para expandir seus interesses econômicos, de segurança e sua influência política.