Igreja cristã em Xangai, na China (Wikimedia Commons)
Repórter
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 17h36.
Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 17h39.
Na última sexta-feira, 10, oficiais chineses prenderam cerca de 30 pastores associados com igrejas clandestinas que operam no país.
Dentre eles está o pastor Jin Mingri, fundador da Zion Church, ou Igreja de Sião, a maior dessas organizações religiosas na China. O pastor foi preso em sua casa na cidade de Beihai, no sul do país.
Apesar de ser garantida pela Constituição, a liberdade religiosa é altamente controlada no país, principalmente quando se trata de religiões estrangeiras, como o cristianismo, cuja vertente mais popular na China é o protestantismo, e o islã.
Devido a isso, somente as igrejas endossadas pelo governo sob o Movimento Patriótico das Três Autonomias, que regula o protestantismo no país e o alinha com os interesses do Estado, são capazes de operar de forma pública.
As “autonomias” (autogovernança, autosuporte e autopropagação) são mecanismos que buscam conter a influência estrangeira no funcionamento da religião no país e garantem que os cultos sejam patriotas por serem dependentes do Estado.
Por exemplo, pastores das igrejas autorizadas são treinados exclusivamente em seminários aprovados pelo governo.
Assim, dezenas de igrejas “clandestinas” que oferecem seus serviços de forma independente por não confiarem na teologia dos cultos sancionados existem no país, que enfrentam severa opressão da lei.
Dentre outros males, não é permitido a eles ter seus próprios espaços de culto, forçando muitos fiéis a se encontrarem de forma virtual ou em suas residências privadas. Por isso, também são chamadas de igrejas domésticas.
A maior dessas igrejas é a Igreja de Sião (Zion Church), fundada por Jin Mingri em 2007. Atualmente, estima-se que a rede conte com 5.000 fiéis em 50 cidades na China, de acordo com reportagem do jornal The Straits Times, de Singapura.
Jin foi preso em sua casa na madrugada do dia 10, e está detido desde então sob suspeita de “uso ilegal de redes de informações”, segundo uma notícia de detenção oficial que Sean Long, um representante da igreja, mostrou à Reuters.
Sua pena máxima, caso condenado, pode chegar a sete anos.
Além disso, seus seguidores temem que seja adicionada uma acusação de que Jin utilizou a internet para propagar suas mensagens religiosas ilegalmente.
O medo adicional surge de novas regras do Movimento Patriótico das Três Autonomias do mês passado, que passou a banir a pregação online e o treinamento religioso por outros clérigos que não os aprovados pelo governo.
Além disso, também no mês passado, o presidente Xi Jinping jurou aplicar rigorosamente a lei contra cultos clandestinos.
A repressão foi a maior desde 2018, quando a polícia chinesa fechou diversos centros de culto por não se conformarem às regras impostas pelo Estado e chegou a prender Jin.
No mesmo ano, foram impostas restrições à sua liberdade de movimento, para que o pastor não pudesse visitar sua família, que mora nos EUA.
Jin Mingri era originalmente um pastor de igrejas autorizadas, mas fundou a sua própria ao se sentir desiludido e renunciar ao seu cargo.
Durante a pandemia de Covid-19, sua igreja ganhou prominência por conduzir cultos online por plataformas como o Zoom e o WeChat, aplicativo de mensagens chinês.