Mar da China: acusação de roubo foi feita pelo presidente eleito Donald Trump (China Photos/Getty Images)
AFP
Publicado em 19 de dezembro de 2016 às 11h28.
Última atualização em 19 de dezembro de 2016 às 11h29.
O governo chinês desmentiu nesta segunda-feira ter "roubado" um drone submarino no mar da China meridional, contrariando as acusações lançadas pelo presidente eleito americano, Donald Trump.
A porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying, ressaltou que a marinha chinesa havia "encontrado" a sonda americana na quinta-feira nesta zona reivindicada por vários países e que a recolheu para examiná-la.
"É como quando achamos uma coisa na rua. É preciso verificá-la primeiro antes de devolvê-la", explicou.
Pequim anunciou no sábado sua intenção de devolver a sonda "de forma adequada", sem informar a data.
Segundo o Pentágono, o incidente foi registrado quando a tripulação civil de um navio oceanográfico retirava da água duas sondas, a 50 milhas da costa filipina.
Um barco chinês de ajuda e resgate a submarinos interceptou um dos dois aparelhos, segundo o departamento de Defesa.
Trump reagiu ao assunto em um tuíte, no qual acusou a China de ter roubado a sonda. A mensagem teve uma grande repercussão porque, além disso, o presidente eleito cometeu um erro ao escrever "unpresidented" ("sem presidente") em vez de "unprecedentet" ("sem precedentes"), um erro que retificou apagando o tuíte e publicando um novo.
"A China roubou um drone de pesquisas da Marinha dos Estados Unidos em águas internacionais, retirou-o da água e levou para a China em um ato 'unpresidented'", afirmou em sua mensagem.
Para os meios de comunicação chineses, o erro foi encarado como o menor dos males. "O que é verdadeiramente surpreendente neste tuíte é que o próximo presidente dos Estados Unidos deformou os fatos completamente: isso é mais perigoso que divertido", escreveu o jornal em língua inglesa China Daily.
O jornal se mostrou preocupado pelas reações revoltadas do futuro presidente, que desde sua eleição já provocou vários conflitos com Pequim, sobretudo sugerindo que os Estados Unidos poderiam reconhecer Taiwan.
Além deste assunto delicado, nas últimas semanas Trump acusou Pequim de manipular sua moeda e ameaçou impor taxas elevadas às importações chinesas.
"Trump pode fazer as relações entre China e Estados Unidos afundarem no que Obama chama de 'um modo de conflito total' no qual 'ninguém tem nada a ganhar'", adverte o China Daily.
Trump "não tem nem ideia de como dirigir uma superpotência", afirma outro jornal chinês em inglês, o Global times.
"Quando ocupar suas funções, se tratar a China da mesma forma que em seus tuítes, a China não se deterá", acrescenta.