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China nega rumores de centros de internação de muçulmanos

Especialistas citados pela ONU dizem que até um milhão de uigures e membros de etnias chinesas de língua turca estão ou estiveram internados em Xinjiang

China: "Quem conhece melhor a situação de Xinjiang é, evidentemente, o governo de Xinjiang. Não as pessoas de terceiras organizações", afirmou o ministro (Anadolu Agency/Getty Images)

China: "Quem conhece melhor a situação de Xinjiang é, evidentemente, o governo de Xinjiang. Não as pessoas de terceiras organizações", afirmou o ministro (Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 13 de novembro de 2018 às 11h20.

O ministro chinês das Relações Exteriores rejeitou nesta terça-feira os rumores sobre centros de internação de muçulmanos na região de Xinjiang, e afirmou que esta é uma medida de prevenção contra o terrorismo.

"Esperamos que nossos amigos jornalistas e nossos amigos do exterior levem em consideração a informação e a exposição da situação das autoridades chinesas", disse Wang Yi .

"Não se deve acreditar nos boatos e no que se fala porque quem conhece melhor a situação de Xinjiang é, evidentemente, o governo de Xinjiang. Não as pessoas de terceiras organizações", disse o ministro em uma entrevista coletiva ao lado do chefe da diplomacia da Alemanha, Heiko Maas.

Até um milhão de uigures e membros de outras etnias chinesas de língua turca estão ou estiveram internados em estabelecimentos de Xinjiang (noroeste), de acordo com estimativas de um grupo de especialistas citado pela ONU.

Este programa foi muito criticado, em particular pelo governo dos Estados Unidos e organizações de defesa dos direitos humanos. Várias pessoas que foram levadas para centros de internação afirmaram que foram detidas por usar barba longa ou véu.

Nos últimos anos vários atentados atribuídos aos uigures deixaram centenas de mortos na China, sobretudo na região de Xinjiang, onde o governo de Pequim teme o avanço do islamismo radical.

A China assegura que os estabelecimentos criticados são "centros educativos" para a reinserção de indivíduos radicalizados e para prevenir o extremismo.

Em Xinjiang as autoridades recorrem a câmeras de segurança, mostras de DNA, localizadores de GPS nos carros ou inspeções de funcionários em residências de particulares.

"Nós chamamos isto de combinar a repressão com a prevenção. Mas damos prioridade à prevenção. Se for bem feita, o terrorismo não poderá propagar-se e criar raízes. É o meio mais eficaz para combater o terrorismo", disse Wang Yi.

Embora o ministro alemão não tenha mencionado Xinjiang durante a entrevista coletiva, Mass afirmou que falou sobre direitos humanos durante o encontro com o colega chinês.

Em um primeiro momento, a China negou a existência de tais centros em Xinjiang, mas após a publicação de imagens de satélite e da presença de documentos oficiais de autoridades locais na Internet que mencionavam a sua existência, as autoridades passaram a falar de centros educacionais nos quais se ensina chinês, esporte e música folclórica para frear o extremismo religioso.

Uma investigação da AFP de mais de 1.500 documentos públicos acessíveis na Internet revelou em outubro que esses centros compraram principalmente cassetetes, algemas e sprays de gás lacrimogêneo.

Os centros devem "ensinar como escolas, serem administrados como o Exército e ser seguros como prisões", segundo um dos documentos, que citava o chefe do Partido Comunista Chinês (PCC) em Xinjiang, Chen Quanguo.

De acordo com ativistas no exílio, tratam-se de campos fechados de reeducação política. Alguns ex-prisioneiros afirmaram ter sido detidos por usar longas barbas, véu ou por ter parabenizado pela Internet as celebrações muçulmanas.

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