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China nega avanços nas negociações, endurece tom e exige fim das tarifas dos EUA

Porta-voz do comércio chinês afirmou que não há tratativas em curso com Washington

Comércio China-EUA: Pequim exige fim das tarifas unilaterais (Jim Watsonpeter Klaunzer/AFP/Getty Images)

Comércio China-EUA: Pequim exige fim das tarifas unilaterais (Jim Watsonpeter Klaunzer/AFP/Getty Images)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 24 de abril de 2025 às 07h57.

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As esperanças de uma reaproximação comercial entre China e Estados Unidos voltaram a esfriar nesta quinta-feira, 24, após uma série de declarações contundentes do governo chinês.

Em um briefing realizado em Pequim, o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong, afirmou que Washington deve remover todas as tarifas unilaterais impostas a produtos chineses como pré-requisito para qualquer progresso nas negociações.

Segundo ele, os EUA precisam responder às demandas da comunidade internacional e às críticas internas com ações concretas. “Se quiserem realmente resolver o problema, devem revogar completamente as tarifas unilaterais contra a China”, disse. Atualmente, a alíquota média imposta pelos EUA está em 145%, segundo estimativas locais.

Além de endurecer o tom, o governo chinês negou que haja qualquer negociação comercial ativa com os americanos. "Relatos sobre o avanço nas comunicações bilaterais são infundados", declarou He, reiterando que Pequim espera uma postura mais respeitosa de Washington antes de considerar novos diálogos.

A recusa também contrasta com declarações recentes do ex-presidente Donald Trump, que indicou estar aberto a flexibilizar algumas medidas tarifárias. Para a China, no entanto, tais declarações ainda carecem de “sinceridade” e não configuram uma mudança substancial no relacionamento entre os dois países.

Condições da China para negociar

Segundo fontes citadas pela imprensa internacional, a China estabeleceu condições claras para retomar o diálogo: além do fim das tarifas, o país exige que os EUA nomeiem um interlocutor oficial, adotem uma postura mais consistente e tratem com seriedade temas sensíveis, como sanções econômicas e a questão de Taiwan.

O clima entre os dois países continua tenso também no âmbito militar. O Ministério da Defesa chinês criticou nesta quinta-feira o que chamou de visão “tendenciosa” por parte de autoridades americanas, o que, segundo eles, dificulta o engajamento entre as Forças Armadas de ambos os países.

Risco global aumenta com tensões

Em paralelo, o governador do Banco Central da China, Pan Gongsheng, alertou durante reunião do G20 em Washington sobre os riscos que os atritos representam para a economia global. "Todas as partes devem trabalhar para evitar um cenário de alto atrito e baixa confiança", afirmou.

Pan participa das reuniões anuais do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial nos EUA, e embora estas sejam as primeiras ocasiões de contato presencial entre delegações econômicas dos dois países desde o aumento das tarifas, não há nenhuma reunião bilateral formal prevista até o momento.

Para Pan, a China seguirá apoiando o livre comércio e o sistema multilateral, rejeitando confrontos que prejudiquem a estabilidade econômica global. "Não há vencedores em guerras comerciais", concluiu.

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