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China mantém estratégia de covid zero, apesar da frustração dos moradores

O país enfrenta o foco mais grave da epidemia desde o início de 2020. Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde registrou mais de 15,5 mil novos casos de covid-19

Bombeiros usando equipamentos de proteção individual descarregam suprimentos durante o bloqueio em fases desencadeado pelo surto de COVID-19 em 10 de abril de 2022 em Xangai, China (VCG / Colaborador/Getty Images)

Bombeiros usando equipamentos de proteção individual descarregam suprimentos durante o bloqueio em fases desencadeado pelo surto de COVID-19 em 10 de abril de 2022 em Xangai, China (VCG / Colaborador/Getty Images)

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AFP

Publicado em 29 de abril de 2022 às 14h36.

Última atualização em 29 de abril de 2022 às 14h50.

A China declarou nesta sexta-feira, 29, que seguirá adiante com a estratégia "covid zero", apesar da crescente frustração dos moradores de Xangai, confinados desde o início de abril e que protestam contra a política sanitária do governo com panelaços nas janelas.

O país enfrenta o foco mais grave da epidemia desde o início de 2020. Nas últimas 24 horas, o Ministério da Saúde registrou mais de 15,5 mil novos casos de covid-19.

Em Xangai, metrópole de 25 milhões de habitantes na região leste do país, as autoridades anunciaram nesta sexta-feira 52 mortes e afirmaram que as vítimas não estavam vacinadas.

A estratégia "covid zero" estipula o confinamento de bairros ou cidades após a detecção de casos de covid, uma quarentena para as pessoas que testam positivo, inclusive as assintomáticas, e testes em larga escala.

"É uma arma eficaz para prevenir e controlar a epidemia na China", afirmou o vice-ministro da Saúde, Li Bin.

"Nosso país é muito populoso, com desequilíbrios regionais em termos de desenvolvimento e uma falta de recursos médicos. Se relaxarmos e permitirmos que o vírus se propague, muitas pessoas serão infectadas", acrescentou.

A estratégia "covid zero" permitiu limitar o número de mortes por coronavírus no país, que oficialmente está abaixo de 5 mil.

Mas os longos confinamentos pesam sobre a economia e o estado de ânimo da população, em um país de 1,4 bilhão de habitantes.

Em Xangai, a cidade mais afetada, os habitantes reclamam que não têm acesso a verduras frescas ou carne em quantidades suficientes.

Vídeos divulgados nas redes sociais, que foram rapidamente censurados, mostraram moradores protestando com panelaços nas janelas e exigindo "suprimentos".

Uma moradora de Xangai disse à AFP, sob anonimato por temer possíveis represálias, que viu as imagens na internet. Depois de ouvir o barulho, ela se uniu ao panelaço.

"Vi muitos vídeos como este, enviados por pessoas que moram em diferentes bairros", contou.
A censura às imagens alimenta o descontentamento da população.

Mas o confinamento também representa um enorme desafio logístico, o de levar produtos a 25 milhões de pessoas, apesar da falta de entregadores.

Outro problema apontado por Liang Wannian, diretor da equipe de especialistas contra a covid do Ministério da Saúde, é a taxa insuficiente de vacinação dos idosos na China.

A política inflexível também afetará o setor turístico durante o recesso de 1º de maio, que começa no sábado e dura cinco dias. O Ministério dos Transportes prevê uma queda de 62% das viagens na comparação com 2021.

Para o presidente da Câmara de Comércio da União Europeia na China, Joerg Wuttke, o governo se guia apenas pela política de "covid zero, sem preocupação com a economia a curto prazo".

Wuttke disse que a política sanitária prosseguirá até o 20º Congresso do Partido Comunista da China, no fim de 2022, quando o presidente Xi Jinping deve obter o terceiro mandato à frente do regime. "Não pode mudar o discurso [sobre a covid] tão perto do objetivo", opina.

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