Anistia Internacional: "a China executou, sozinha, mais do que o restante do mundo junto” (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 31 de março de 2015 às 23h54.
A China foi o país que mais executou presos no mundo em 2014, segundo o Relatório Anual sobre Pena de Morte, divulgado hoje (31) pela Anistia Internacional.
Embora os dados sobre penas de morte não sejam divulgados pelo governo chinês, por serem considerados segredo de Estado, a estimativa a entidade é que mais de mil pessoas tenham sido mortas no país.
O assessor de Direitos Humanos da organização, Maurício Santoro, explicou que os dados extraoficiais sobre números de prisioneiros executados na China são obtidos principalmente por meio da ajuda de ativistas de direitos humanos e parentes dos prisioneiros executados.
“Os números para pena de morte na China são extremamente opacos. É muito difícil ter acesso a esses dados. Mas podemos afirmar que houve pelo menos mil execuções na China, no ano passado. Isso significa que a China executou, sozinha, mais do que o restante do mundo junto”, declarou. “Algumas execuções ganharam visibilidade e outras foram parar na Suprema Corte chinesa, mas não temos informações sólidas para precisar quantas pessoas a China executou” acrescentou Santoro.
Oficialmente, as autoridades executaram mais de 20 pessoas com base na campanha “Linha dura”, que qualifica esse tipo de pena como uma resposta ao terrorismo e à criminalidade violenta na região autônoma Uigur, do Xinjiang.
Mais três pessoas foram condenadas à morte em uma execução coletiva feita em um estádio, diante de milhares de espectadores.
O Irã é o segundo país que mais usa a pena de morte para punir condenados. Em 2014, as autoridades iranianas reconheceram 289 execuções, mas fontes de ativistas e entidades de direitos humanos e parentes de presos relataram mais 454, totalizando 743 execuções.
O relatório questionou a maioria dos procedimentos judiciais nesses dois países para as sentenças de morte por não terem respeitado normas internacionais. Nesses países e em outros, as sentenças foram baseadas em “confissões” que podem ter sido feitas mediante tortura ou maus-tratos. No Irã, algumas dessas confissões foram transmitidas pela televisão antes do julgamento, violando o direito dos réus à presunção de inocência.
Ainda segundo o relatório, mais de 19 mil presos em todo o mundo estavam no corredor da morte em 2014.
A Anistia Internacional é uma organização de direitos humanos com mais de 7 milhões de apoiadores em 216 países. A entidade investiga abusos e faz campanhas para proteger pessoas e comunidades que têm seus direitos humanos ameaçados ou violados. Em 1977, a entidade recebeu o Prêmio Nobel da Paz.