Tunel: esta obra de engenharia transportará a água do rio Bramaputra até o deserto de Taklimakan (Chris McGrath/Getty Images)
EFE
Publicado em 30 de outubro de 2017 às 09h46.
Última atualização em 30 de outubro de 2017 às 12h47.
Pequim - Um túnel de mil quilômetros na China, que se transformaria no mais longo do mundo, levará água do Tibete até o deserto de Taklimakan, em Xinjiang, caso se concretize o projeto no qual trabalham engenheiros do país.
Segundo informou nesta segunda-feira o jornal "South China Morning Post", esta obra de engenharia transportará a água do rio Bramaputra até o deserto de Taklimakan, que ocupa uma superfície de 270.000 quilômetros quadrados.
Uma vez construído, este túnel superará amplamente o aqueduto subterrâneo de Nova York, atualmente o mais longo do mundo, com 137 quilômetros de extensão.
Na China o túnel que agora ostenta o recorde tem 85 quilômetros e se encontra na província de Liaoning (na fronteira com a Coreia do Norte), mas no último mês de agosto o governo iniciou a obra de outro que medirá 600 km, e estará concluído em oito anos, em Yunnan, no sul do país.
Este último, suficientemente largo para permitir a circulação de dois trens de alta velocidade e que atravessará montanhas a milhares de metros acima do nível do mar, servirá de teste para a nova tecnologia, os métodos de engenharia e a infraestrutura necessária para o futuro túnel que unirá o Tibete e Xinjiang, segundo informa o jornal.
O planalto do Tibete impede que a chuva de monção chegue a Xinjiang, isolada ao norte pelo deserto de Gobi e ao sul pelo de Taklimakan, o que deixa 90% da região não condicionada para a vida humana.
A primeira vez que se cogitou a possibilidade de verter água do Tibete até Xinjiang foi durante a dinastia Qing, no século 19, mas nunca saiu do terreno das hipóteses devido aos enormes custos do projeto, o desafio que representa para a engenharia, o possível impacto ambiental e os potenciais protestos dos países vizinhos.
"O projeto de canalização de água em Yunnan demonstra cérebro, músculo e ferramentas para construir túneis extremamente longos em terrenos hostis", o que dará confiança às autoridades para aprovar o de Xinjiang, explicou um pesquisador da Academia Chinesa de Ciências ao jornal chinês.
Tanta o planalto de Yunnan como a do Tibete são zonas propensas a sofrer terremotos e contam com muitas falhas tectônicas ativas.