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China lança plano para transformar cidades em aglomerados urbanos inteligentes até 2035

Novo plano do país prevê clusters interconectados, uso de inteligência artificial e maior sustentabilidade, mas enfrenta desafios financeiros e ambientais

Urbanização na China: de expansão imobiliária a cidades interconectadas e sustentáveis (Leandro Fonseca/Exame)

Urbanização na China: de expansão imobiliária a cidades interconectadas e sustentáveis (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 06h15.

A China entrou em uma nova fase do seu processo de urbanização. Após décadas de crescimento acelerado no setor imobiliário, marcado por forte expansão física e excesso de construções, o governo agora mira transformar as cidades em ambientes mais habitáveis, sustentáveis e tecnologicamente avançados.

Nos últimos cinco anos, o mercado imobiliário chinês sofreu forte retração, culminando no colapso da Evergrande, antiga líder do setor. Para responder à crise e redesenhar a vida urbana, o Partido Comunista lançou em agosto um plano com metas para 2035.

O documento prevê cidades “habitáveis, bonitas, resilientes, civilizadas e inteligentes”, capazes de estimular inovação, consumo e maior integração entre grandes centros e cidades menores, segundo reportagem da Economist.

Clusters urbanos e integração regional

O pilar do plano é a criação de aglomerados urbanos interconectados, formados por uma ou duas cidades-polo e centros vizinhos conectados por trens de alta velocidade. Entre os exemplos já em operação estão Jingjinji (Pequim-Tianjin), o Delta do Rio Yangtze (Xangai e cidades próximas) e a Grande Área da Baía, que reúne Hong Kong, Shenzhen e Guangzhou.

A expectativa é que esses clusters aumentem a produtividade, impulsionem indústrias de alta tecnologia e ampliem o consumo interno. Cidades como Hangzhou já utilizam sistemas de “cérebro urbano” apoiados por inteligência artificial para monitorar trânsito, poluição e emergências, segundo a reportagem da revista britânica.

Desafios

Apesar da ambição, o plano enfrenta entraves. A modernização de infraestrutura urbana básica, como drenagem e gasodutos, pode custar até 4 trilhões de yuans (US$ 560 bilhões) em cinco anos, sem contar investimentos em data centers e novas tecnologias.

Além disso, governos locais, que antes dependiam da venda de terrenos para incorporadoras, precisam encontrar novas fontes de receita para financiar as mudanças.

A adaptação climática também é crítica. Regiões como Pequim sofrem com escassez de água, enquanto áreas costeiras, como o Delta do Rio Yangtze e a Grande Baía, estão expostas a tufões e à elevação do nível do mar. O governo responde com obras de contenção e projetos de “cidades-esponja”, capazes de absorver melhor as chuvas.

Um caso emblemático é Xiong’an, ao sul de Pequim, anunciada em 2017 como modelo da nova urbanização chinesa. Apesar de receber investimentos bilionários, o projeto ainda não se consolidou como polo de inovação.

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