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China interrompe a divulgação de números diários da Covid-19

Desde que as restrições foram suspensas, no início de dezembro, as autoridades do país notificaram apenas seis mortes por covid

Área isolada para atendimento de pacientes de covid em hospital em Chongqing (AFP/AFP)

Área isolada para atendimento de pacientes de covid em hospital em Chongqing (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 25 de dezembro de 2022 às 09h18.

Última atualização em 25 de dezembro de 2022 às 09h26.

A Comissão Nacional de Saúde da China, que tem status de ministério, anunciou neste domingo que não publicará mais os números diários de casos e mortes por covid, como acontecia desde o início de 2020. 

A instituição não divulgou nenhuma explicação para a medida, mas os dados já não refletiam a onda de contágios sem precedentes que afeta a China desde 7 de dezembro, data em que o governo flexibilizou as severas medidas de saúde da política de "covid zero".

Antes, os exames PCR, que eram quase obrigatórios, permitiam monitorar com segurança a tendência da epidemia.

Atualmente, as pessoas infectadas fazem testes em casa e normalmente não comunicam os resultados às autoridades, o que impossibilita a compilação de números confiáveis.

"A partir de hoje, não publicaremos mais os dados diários sobre a epidemia", afirmou a Comissão Nacional de Saúde.

A comissão acrescentou que o Centro Chinês para o Controle e a Prevenção de Doenças (CDC) publicará informações sobre a epidemia, para possibilitar referências e pesquisas, mas sem especificar quais dados serão divulgados ou a frequência dos balanços.

Os chineses, que constataram a discrepância entre o nível de contágios e as estatísticas, receberam o anúncio com sarcasmo.

"Finalmente acordaram e perceberam que não podem enganar as pessoas com números subestimados", escreveu um cidadão na rede social Weibo.

Outra pessoa comemorou a notícia ao afirmar que a comissão "era o maior escritório de fabricação de estatísticas falsas do país".

Um terceiro perguntou sobre os funcionários dos crematórios. "Eles estão sobrecarregados? Eles podem falar?".

Muitos funcionários de crematórios entrevistados nos últimos dias pela reportagem relataram um aumento expressivo do número de cadáveres. Uma situação que foi ignorada em grande medida pela imprensa chinesa.

Os meios de comunicação do país abordaram, em certa medida, a tensão nos hospitais e escassez de medicamentos contra a febre.

Outra controvérsia que desacreditou as estatísticas oficiais foi a nova metodologia imposta pelo governo: apenas as pessoas que morrem como vítimas diretas de insuficiência respiratória vinculada ao vírus são contabilizadas como óbitos por covid-19.

Desde que as restrições foram suspensas no país, as autoridades chinesas notificaram apenas seis mortes por covid.

Em Qingdao, uma cidade de 10 milhões de habitantes no leste do país, meio milhão de pessoas são infectadas diariamente com a covid, segundo uma autoridade local de saúde.

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