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China impulsiona consumo cultural e turístico no verão com pacotes de incentivo

Governo chinês lança medidas para estimular a economia de verão, com mais de 39 mil eventos culturais e turísticos

Vista da Cidade Proibida, em Pequim: pessoas passeiam em frente à atração turística, uma das principais da China (Leandro Fonseca/Exame)

Vista da Cidade Proibida, em Pequim: pessoas passeiam em frente à atração turística, uma das principais da China (Leandro Fonseca/Exame)

China2Brazil
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Agência

Publicado em 1 de julho de 2025 às 14h29.

Com a chegada da alta temporada de consumo durante as férias, o governo chinês e as administrações locais lançaram um pacote de medidas para fomentar a chamada “economia de verão”. O objetivo é aumentar a demanda por produtos culturais, turísticos e de lazer, estimulando a economia local.

De julho a agosto de 2025, o Ministério da Cultura e Turismo promoverá a Temporada Nacional de Consumo Cultural e Turístico de Verão.

O programa prevê mais de 4.300 iniciativas e cerca de 39 mil eventos em todo o país, incluindo viagens para escapar do calor, turismo litorâneo, espetáculos, feiras, exposições, passeios em família e atividades noturnas.

Durante o período, os consumidores terão acesso a incentivos como cupons de desconto, ingressos promocionais, pacotes com preços reduzidos e campanhas de cashback.

O governo destinou mais de RMB 570 milhões em subsídios para estimular a demanda e atender às expectativas da população para as férias.

Cidades ampliam ações para atrair consumidores

O lançamento oficial da temporada ocorreu em 30 de junho, em Qingdao (Shandong), sob o tema “Cultura e Turismo para o Povo — Compartilhando uma Vida Melhor”. O evento marcou o início de uma série de promoções e ações conjuntas entre governo e setor privado.

Entre as medidas anunciadas:

  • A Administração de Aviação Civil divulgou políticas de incentivo para passagens aéreas no verão;
  • A Administração Meteorológica indicou 16 rotas recomendadas em regiões com temperaturas mais amenas;
  • Instituições financeiras, como UnionPay, Banco Agrícola da China, Banco da China, Banco de Construção e Banco Industrial, lançaram produtos voltados para turismo e cultura;
  • Empresas como Sinopec e Damai Entertainment integraram ações online e presenciais com foco em benefícios ao consumidor.

Algumas cidades já implementaram suas próprias iniciativas. Em Xangai, o “Festival da Vida Noturna 66” vai até setembro com 130 atividades temáticas. Em Pequim, a campanha “Let’s Beijing · Noites em Pequim 2.0” busca ampliar a diversidade do consumo noturno. Já em Yunnan, estão previstos mais de 3.100 eventos culturais públicos e políticas voltadas ao turismo.

Cupons se tornam estratégia recorrente

A distribuição de cupons se consolidou como uma das principais ferramentas para estimular o consumo:

  • Qingdao ofereceu RMB 5 milhões em cupons para restaurantes entre 18 e 30 de junho;
  • Hubei distribuiu mais de RMB 30 milhões em cupons pela plataforma Meituan durante o festival “Leshop Hubei 616”;
  • Zhengzhou (Henan) iniciou, em 23 de junho, a entrega de cupons para reformas residenciais.

Outras regiões direcionaram recursos a setores com maior pressão de gasto. Guangdong, Jiangxi e Hainan, por exemplo, lançaram cupons para serviços de cuidado infantil. Guangdong oferece vouchers de experiência e consumo para creches em todas as suas 21 cidades. Em Hainan, famílias com crianças de até quatro anos recebem cupons mensais de até RMB 600 até o fim do ano.

Para Liu Xiangdong, vice-diretor do Departamento de Pesquisa Econômica do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, essas medidas geram resultados imediatos, ao ativar economias locais e estimular um ciclo de crescimento econômico com impacto social.

Consumo interno ganha força como motor da economia

Em meio ao aumento dos riscos externos, o governo intensificou os esforços para fortalecer o consumo interno como principal motor da economia. Dados do Escritório Nacional de Estatísticas indicam que, em maio, o consumo liderou o crescimento econômico, com avanço de 6,4% nas vendas do varejo, o maior desde o início do ano.

Desde março, Pequim tem adotado políticas voltadas ao bem-estar da população. Em junho, o Comitê Central do Partido e o Conselho de Estado publicaram diretrizes para resolver questões urgentes em áreas como habitação, previdência e cuidados com idosos.

Para o segundo semestre, especialistas destacam a necessidade de aumentar a renda disponível da população. Wang Yiming, vice-presidente do Centro de Intercâmbio Econômico Internacional da China, defende três prioridades:

  • Elevar a participação da renda das famílias no PIB;
  • Redirecionar gastos públicos para serviços e bem-estar;
  • Estimular o consumo de serviços, com potencial para gerar empregos.

Liu Shijin, ex-vice-diretor do Centro de Pesquisas para o Desenvolvimento do Conselho de Estado, propõe focar no chamado “consumo de desenvolvimento”, voltado a áreas como educação, saúde, moradia acessível, previdência e cuidados com idosos. Para ele, o avanço do consumo depende de dois fatores: ampliar o poder de compra da população de baixa renda e desenvolver o setor de serviços com foco no desenvolvimento humano.

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