Miami - A chegada da China na América Latina mediante fusões, aquisições de empresas e investimentos em infraestrutura está transformando o gigante asiático em um "crescente" ator econômico na região, afirmaram nesta sexta-feira em Miami (EUA) dois especialistas.

É inegável que a China está se tornando um "ator econômico" de uma "magnitude enorme" na região, com um investimento de trilhões de dólares, disse R. Evan Ellis, da Universidade de Defesa Nacional, em Washington, durante a Conferência anual sobre a América Latina, organizada pela Universidade de Miami.

O professor assinalou que a presença da China na América Latina "é uma realidade" e que o país asiático "está captando a atenção dos líderes políticos e estudantes" da região.

"O crescimento da presença da China na América Latina e no Caribe é muito forte" e está propiciando uma "absoluta transformação" da região, assegurou o acadêmico na conferência intitulada "Avaliando a Influência da China na América Latina".

Segundo a Comissão Econômica Para a América Latina e o Caribe (Cepal), a China pode desbancar à União Europeia como segundo parceiro comercial da América Latina e o Caribe a partir de 2014, com os EUA à cabeça.

Não se trata só da "venda de brinquedos" ou a compra de matéria-prima por parte da China, mas a nação asiática "está investindo intensamente" em um amplo leque de setores, o que vai a propiciar "mudanças muito rápidos na região", sustentou.

Nesse contexto, indicou que, dos cerca de US$ 110 trilhões que a China investiu em 2009 e 2010 no mundo todo, uma quarta parte se orientou à região.

As compras frequentes da China de matéria-prima deram um passo a outro tipo de investimentos que "tomou por surpresa a muita gente", apontou Ellis, que destacou que o país asiático é, "para muitos líderes latino-americanos", o "caminho do futuro".

Sem dúvida, pôs de relevo, se vai a produzir uma "radical mudança na América Latina", no âmbito interno e nos processos econômicos da região. "Será uma região drasticamente diferente", ressaltou.

Para Rodrigo Tavares Maciel, da Consultoria Estratégica Strategus, do Rio de Janeiro, a aposta comercial da China na América Latina "está aumentando a capacidade" da região para garantir sua "estabilidade".

Precisou que cerca de 80% das exportações do Brasil para a China concretiza-se em matérias-primas, por isso que é urgente, acrescentou, que o país latino-americano "diversifique" seus investimentos

O especialista lamentou que ainda não desenvolveram "estratégias comerciais" que permitam "diversificar" os investimentos do país e aumentar sua competitividade.