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China finaliza julgamento de "braço direito" de Bo Xilai

A Promotoria pediu um "castigo suavizado" ao ex-chefe de polícia pela sua cooperação na investigação do caso


	O ex-chefe da polícia de Wang Lijun fala ao tribunal durante seu julgamento: Wang foi julgado por deserção e manipulação da lei 
 (CCTV/AFP)

O ex-chefe da polícia de Wang Lijun fala ao tribunal durante seu julgamento: Wang foi julgado por deserção e manipulação da lei  (CCTV/AFP)

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Da Redação

Publicado em 18 de setembro de 2012 às 11h02.

Pequim - O julgamento contra Wang Lijun, ex-chefe de Polícia de Chongqing (centro da China) e antigo "número dois" do dirigente caído em desgraça Bo Xilai, terminou nesta terça-feira com a sugestão da Promotoria de que ele receba um "castigo suavizado" pelos fatos que foi acusado, os quais Wang não refutou.

A Promotoria, citada pela agência oficial "Xinhua", considerou que embora Wang seja "responsável" por vários delitos, desde deserção até abuso de poder, devem ser consideradas circunstâncias atenuantes, como ter cooperado com a Justiça na investigação do caso.

Um funcionário do tribunal informou no final do julgamento que Wang não negou as acusações.

Na segunda-feira, Wang foi julgado por deserção e manipulação da lei em uma sessão que se desenvolveu a portas fechadas porque foram abordados segredos de Estado, segundo sua advogada, Wang Yuncai.

A deserção, uma circunstância "muito séria", segundo a Promotoria, se refere ao fato que suscitou o maior escândalo político chinês em décadas, quando, em fevereiro passado, Wang tentou se refugiar no Consulado dos EUA da cidade de Chengdu.

Ali, o "braço direito" de Bo Xilai, então secretário-geral do Partido Comunista em Chongqing, revelou, supostamente, a má conduta de seu chefe.

Também vinculou à esposa de Bo, a advogada Gu Kailai, com a morte do empresário britânico Neil Heywood em novembro do ano passado.

Apenas um mês depois, Bo, que até então era uma das figuras mais carismáticas da cena política chinesa, foi retirado de seu cargo e, de forma praticamente simultânea, se divulgou que Gu era suspeita do assassinato de Heywood.


A Promotoria destacou que Wang sabia "perfeitamente" que Gu - que recebeu há um mês uma condenação de morte suspensa por assassinato, o que na prática evita sua execução - era suspeita, mas "deliberadamente" decidiu encobri-la

No entanto, acrescenta que posteriormente Wang ordenou a seus subordinados colher provas do caso e informou com "diligência" às autoridades do envolvimento de Gu, uma "grande contribuição" para elucidar a trama.

"Por isso, a pena deveria ser mais leve", segundo a Promotoria.

Wang foi julgado por outras duas acusações, aceitação de subornos e abuso de poder, em uma sessão pública, embora não tenha se permitido a entrada da imprensa internacional.

Ele é acusado de aceitar subornos no valor de 3,05 milhões de iuanes (mais de US$ 484 mil) em troca de favorecer outros, um delito pelo qual, segundo disse à Agência Efe o advogado chinês Pu Zhiqiang, "não receberá mais do que 15 anos de prisão, já que, para alguém em seu cargo, não é tanto dinheiro".

A recomendação de "suavizar" a pena por parte da Promotoria e o fato de que os delitos de corrupção não tenham sido considerados em grande escala dão força às previsões anteriores ao julgamento, que falam que Wang não receberá um castigo muito severo.

Os especialistas concordam que, no máximo, ele será sentenciado à prisão perpétua ou receberá uma condenação de morte suspensa, como Gu, embora ainda não se saiba quando a pena será anunciada, disse à Efe sua advogada.

Uma vez que a sentença de Wang seja conhecida, só faltará conhecer o destino de Bo, que por enquanto não foi acusado e só é investigado por violar a disciplina do Partido Comunista.

Bo Xilai é filho de Bo Yibo, um dos líderes militares da época de Mao Tsé-tung e ainda reúne grandes apoios dentro das fileiras do Exército mais próximas a seu pai e por parte de certas figuras de grande peso político do atual Governo.

Por isso, espera-se que o Governo não castigue Bo com dureza e dê por encerrado o maior escândalo de seu mandato antes que no mês que vem se abra um período de transição na cúpula do poder chinês. EFE

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