Nuvem tóxica dificultava a visibilidade no centro de Pequim (AFP/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 5 de novembro de 2021 às 09h48.
Última atualização em 5 de novembro de 2021 às 09h50.
Pequim fechou nesta sexta-feira, 5, estradas e parques infantis de escolas devido a uma nuvem densa de poluição no norte da China, que aumentou a produção de carvão apesar da pressão internacional para que o país atue contra a mudança climática. Várias partes do norte da China foram afetadas nesta sexta-feira por uma densa névoa tóxica, com a visibilidade em algumas áreas reduzida a apenas 200 metros, segundo a agência meteorológica estatal.
As autoridades de Pequim atribuíram a poluição a "condições meteorológicas desfavoráveis e à expansão da contaminação regional". A capital, que receberá os Jogos Olímpicos de Inverno em fevereiro, ordenou que as escolas suspendessem as aulas de educação física e as atividades em espaços abertos. A escassa visibilidade também provocou o fechamento de rodovias que conectam grandes cidades como Xangai, Tianjin ou Harbin.
A poluição registrada nesta sexta-feira por uma estação da embaixada dos Estados Unidos em Pequim alcançava níveis "muito nocivos" para a população, informou a representação diplomática.
A concentração de partículas poluentes no ar, que penetram nos pulmões humanos e provocam doenças respiratórias, estava em quase 220 microgramas por metro cúbico, muito superior ao limite de 15 estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A nuvem tóxica deve permanecer na região até a noite de sábado, segundo as autoridades da cidade.
Nesta semana, a China anunciou um aumento de mais de um milhão de toneladas em sua produção diária de carvão para atenuar a escassez energética que provocou o fechamento de várias fábricas nos últimos meses.
O aumento da produção deste combustível fóssil contradiz os compromissos de Pequim para o meio ambiente, justamente na semana em que começou a conferência climática COP-26 em Glasgow. As autoridades chinesas estabeleceram como objetivo alcançar o pico de emissões de dióxido de carbono em 2030 e obter a neutralidade de carbono até 2060.
A rápida industrialização do país tornou os episódios de neblina tóxica comuns, embora a frequência tenha registrado queda nos últimos anos devido à crescente conscientização das autoridades a respeito do meio ambiente.
Apesar das mudanças, o país continua muito dependente dos combustíveis fósseis e 60% de sua energia procede do carvão.
Na reunião de cúpula do clima de Glasgow - a qual o presidente chinês Xi Jinping não compareceu presencialmente -, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, criticou a China e afirmou que "as ações falam mais alto que as palavras".