Mundo

China é 'imparável', diz Xi Jinping a Kim Jong Un e Putin em desfile militar em Pequim

Uma salva de 80 tiros de canhão marcou o início do espetáculo, que comemora o aniversário de 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial

Durante os 90 minutos de duração do desfile, a China exibiu toda a gama de seu armamento, incluindo drones submarinos, tanques, armas a laser e aeronaves (ALEXANDER KAZAKOV/POOL/AFP /Getty Images)

Durante os 90 minutos de duração do desfile, a China exibiu toda a gama de seu armamento, incluindo drones submarinos, tanques, armas a laser e aeronaves (ALEXANDER KAZAKOV/POOL/AFP /Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 3 de setembro de 2025 às 14h38.

Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 14h56.

Os líderes de Coreia do Norte, Kim Jong Un, e Rússia, Vladimir Putin, acompanharam Xi Jinping, nesta quarta-feira, 3, em um grande desfile militar em Pequim, que encerrou uma semana de declarações diplomáticas incisivas do presidente chinês e seus aliados contra o Ocidente.

Em cenas sem precedentes, Xi apertou a mão de ambos os líderes e conversou com eles enquanto caminhavam por um tapete vermelho na central Praça Tiananmen (Paz Celestial), com Putin à sua direita e Kim, à esquerda.

No início do desfile, o presidente chinês advertiu que o mundo ainda enfrenta "a escolha entre a paz ou a guerra" e afirmou que a China é "imparável", mas sem referências explícitas aos Estados Unidos ou a questões polêmicas, como Taiwan ou as tarifas alfandegárias.

Uma salva de 80 tiros de canhão marcou o início do espetáculo, que comemora o aniversário de 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial. Nas arquibancadas, milhares de pessoas entoaram canções patrióticas.

Durante os 90 minutos de duração do desfile, a China exibiu toda a gama de seu armamento, incluindo drones submarinos, tanques, armas a laser e aeronaves.

Os novos mísseis nucleares intercontinentais DongFeng-5C, com alcance de 20 mil quilômetros, ocuparam um lugar de destaque no armamento exibido.

A parada militar ocorreu sob os olhares de vários líderes mundiais, incluindo o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, reportou a agência de notícias Xinhua.

O evento, cuidadosamente planejado, provocou a reação do presidente Donald Trump, que acusou os líderes chinês, russo e norte-coreano de conspiração contra os Estados Unidos.

"Envie meus cumprimentos mais calorosos a Vladimir Putin e Kim Jong Un enquanto conspiram contra os Estados Unidos da América", escreveu Trump em sua plataforma, Truth Social.

A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou que a presença dos dirigentes russo e norte-coreano ao lado de Xi é um "desafio direto à ordem internacional".

"Está nascendo uma nova ordem mundial", declarou Kallas à imprensa em Bruxelas.

Putin prometeu continuar a guerra na Ucrânia caso não alcance um acordo de paz, em um momento em que as iniciativas diplomáticas de Trump parecem estagnadas.

"Vamos ver como a situação se desenrola. Caso contrário, teremos de resolver todas as nossas tarefas militarmente", declarou o mandatário russo em Pequim.

Equipamento militar

Xi passou as tropas e os armamentos em revista a bordo de um carro conversível que avançou pela ampla Avenida Chang'an.

Depois, se reuniu com seus convidados em uma área localizada sobre o emblemático retrato de Mao Tsé-Tung na Praça Tiananmen, o portão de entrada para a histórica Cidade Proibida.

Além da enorme coleção de veículos militares e armas pesadas, as imagens divulgadas pela imprensa estatal mostraram milhares de militares com uniformes impecáveis marchando em filas.

Os moradores de Pequim saíram às ruas para assistir à exibição de dezenas de aviões de combate e helicópteros — alguns formaram o número 80.

Milhões de chineses morreram durante a guerra com o Império japonês nas décadas de 1930 e 1940, que se tornou parte da Segunda Guerra Mundial após o ataque de Tóquio a Pearl Harbor, em 1941.

O desfile militar é o clímax de uma intensa semana diplomática, na qual Xi recebeu líderes de dez países e outros convidados para a cúpula da Organização para Cooperação de Xangai (OCX) na cidade de Tianjin. O objetivo do encontro era promover uma governança mundial alternativa.

A China afirma que o desfile é uma demonstração de unidade com outros países e, pela primeira vez, Kim Jong Un apareceu ao lado Xi e Putin em um mesmo evento.

Em uma reunião bilateral nesta quarta-feira, após o desfile militar, o presidente russo agradeceu a Kim por seu apoio na "luta contra o neonazismo contemporâneo" e pelo envio de tropas para lutar contra a Ucrânia.

"Por iniciativa sua, como se sabe, suas forças especiais participaram da libertação da região de Kursk (...) Gostaria de destacar que seus soldados lutaram de maneira corajosa e heróica", disse Putin.

O líder norte-coreano chegou a Pequim acompanhado de sua filha e possível herdeira, Kim Ju Ae, que fez sua estreia em eventos internacionais na capital chinesa.

Acompanhe tudo sobre:ChinaKim Jong-unVladimir PutinRússiaCoreia do Norte

Mais de Mundo

Lula diz que abordará guerra da Ucrânia com Trump: ‘Quem sabe nossa química seja levada ao Putin’

Governo dos EUA diz que não pretende sair da ONU, apenas dar um 'empurrão'

Lula diz que ficou feliz com 'química' com Trump: 'falei a ele que temos muito o que conversar’

Lula se comprometeu a fazer ‘tudo o que estiver ao seu alcance’ para ajudar a Ucrânia, diz Zelensky