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China discute pela primeira vez discriminação de transexuais

"É o primeiro caso da China relacionado à discriminação no trabalho contra o coletivo de transexuais", afirmou Wei Tingting


	LGBT: "é o primeiro caso da China relacionado à discriminação no trabalho contra o coletivo de transexuais", afirmou Wei Tingting
 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

LGBT: "é o primeiro caso da China relacionado à discriminação no trabalho contra o coletivo de transexuais", afirmou Wei Tingting (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2016 às 11h08.

Pequim - Um tribunal do sul da China realizou nesta segunda-feira a primeira audiência de um caso de discriminação profissional de um transexual, o primeiro deste tipo realizado no país.

A vítima, que tem 28 anos e que nasceu mulher, recorreu à Justiça em busca de um pedido de desculpas de sua empresa, que atua no setor de serviços médicos, depois que fora demitida por se vestir com roupas masculinas.

"A empresa não sabe o que é a transexualidade e me tomaram como homossexual. Me recriminaram por me vestir como homem, me disseram que, como era homossexual, não podia atender os clientes", cotou "Mister C.", nome com o qual prefere se identificar.

Hoje, no tribunal da cidade de Guiyang, a empresa defendeu que os funcionários deviam usar um mesmo uniforme, requisito que o litigante não cumpria.

"Disseram que não podiam me dar o uniforme porque eu ainda não era membro da equipe. Caíram em muitas contradições", detalhou o jovem, que considerou um sucesso esta primeira audiência.

"Não quero dinheiro, mas promover uma lei contra a discriminação no trabalho. Queremos respeito", reivindicou.

A decisão do tribunal só será divulgada no final deste mês, mesmo assim, a comunidade LGBT na China já comemora este "notável" passo.

"É o primeiro caso da China relacionado à discriminação no trabalho contra o coletivo de transexuais. É um caso de grande importância. Há muito tempo venho escutando casos parecidos, de transexuais que enfrentam dificuldades para encontrar trabalho, mas a maioria deles não leva o caso adiante. Portanto, admiro muito o Mister C.", afirmou Wei Tingting, do Instituto de Educação sobre Gênero de Pequim e uma das cinco feministas presas durante 37 dias no ano passado.

Para a ativista, a audiência realizada hoje representa um grande passo para toda a comunidade, e faz parte de uma mudança que já está acontecendo no país.

Wei lembrou que ainda nesta semana a Justiça realizará uma audiência sobre o caso de um casal homoafetivo que tentou formalizar sua união e que denunciou o governo local por não registrar seu casamento, apesar de que "não estar estipulado em lugar algum" que o casal tenha que ser do sexo oposto.

A China está avançando na aceitação do homossexualismo, que deixou de ser formalmente considerado "uma doença mental" em 2001, apesar do casamento entre pessoas do mesmo sexo não ser legalizado e o governo tentar que este coletivo tenha pouca ou nenhuma presença pública.

"O movimento LGTB está mais forte do que nunca", disse a ativista, que segue sendo investigada pelas autoridades por suas atividades em plena rua contra a discriminação e as agressões sexuais.

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