Bebê em hospital: desequilíbrio de gênero tem gerado uma demanda criminosa por bebês do sexo masculino sequestrados e comprados (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 28 de fevereiro de 2014 às 13h50.
Pequim - A polícia chinesa deteve 1.094 pessoas e resgatou 382 crianças em uma repressão nacional contra quatro redes online de tráfico de bebês, disse a mídia estatal nesta sexta-feira.
Os criminosos se aproveitam da ansiedade dos cidadãos para escapar dos rígidos controles populacionais.
O tráfico de crianças é bastante disseminado na China, onde as regras de controle populacional incentivam uma já tradicional preferência por meninos, por prover um melhor apoio a pais idosos e serem vistos como herdeiros do nome da família, o que tem levado ao aborto, assassinato e abandono de meninas.
Cerca de 118 meninos nascem para cada 100 meninas no país mais populoso do mundo, ante uma média global de 103 a 107 meninos a cada 100 meninas.
O desequilíbrio tem gerado uma demanda criminosa por bebês do sexo masculino sequestrados e comprados, assim como por bebês do sexo feminino com o objetivo de se tornarem noivas, atraindo dotes em regiões pouco povoadas.
"Traficantes de crianças agora levaram a briga para a Internet, usando a 'adoção não-oficial' como fachada", disse um policial, segundo a agência de notícias estatal Xinhua. "Eles estão bem escondidos e são muito furtivos." Os traficantes usam sites com nomes como "Rede de Órfãos da China" e "Casa de Adoção dos Sonhos", destacando uma tendência de fechar os negócios online, o que dificulta a caçada aos criminosos.
Não ficou esclarecido quais medidas seriam tomadas pelas autoridades para devolver os bebês resgatados a seus pais.
Em outro artigo, a Xinhua alertou os pais a tomarem cuidado com sequestradores que se disfarçam de enfermeiros em hospitais ou ficam à espera na entrada de escolas para colocar crianças em vãs e garupas de motos.
Na semana passada, a China, que tem uma população de 1,4 bilhão, disse que iria aliviar o controle familiar ao permitir milhões de famílias a terem dois filhos, na mais significativa liberação de sua rígida política de filho único em três décadas.