Mundo

China denuncia postura dos EUA em meio a tensões sobre tarifas

A escalada entre as duas principais economias do mundo agitou Wall Street: o Nasdaq perdeu 3,56% e o S&P 500, 2,71%

Guerra comercial: os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP/AFP)

Guerra comercial: os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP/AFP)

Publicado em 12 de outubro de 2025 às 10h09.

Tudo sobreTarifas
Saiba mais

O Ministério do Comércio chinês acusou neste domingo, 12, o governo dos Estados Unidos de atrapalhar as negociações comerciais entre os dois países, e argumentou que "ameaças obstinadas de aumentar as tarifas não são a maneira correta de se relacionar com a China".

Um porta-voz da pasta comunicou que as "contramedidas" anunciadas nesta semana por Pequim, que incluem novas restrições à exportação de terras raras e produtos de processamento relacionados, "são atos necessários de defesa passiva para preservar os direitos e interesses legítimos das empresas e indústrias chinesas".

"Esperamos que os EUA reconheçam seu erro, avancem com a China na mesma direção e retornem ao caminho do diálogo e da consulta", disse o porta-voz, advertindo que, se Washington insistir em seguir o caminho errado, Pequim "tomará medidas resolutas" para se proteger.

Sobre a ameaça do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor tarifas de 100% sobre os produtos chineses e mais controles de exportação de tecnologia em resposta às novas medidas anunciadas nesta semana por Pequim, o porta-voz comentou que a posição de seu país sobre a guerra comercial é consistente.

"Não a queremos, mas também não a tememos", enfatizou o porta-voz ao abordar a guerra comercial entre EUA e China.

Pequim acusou Washington de abusar do conceito de segurança nacional ao aplicar controles de exportação discriminatórios, especialmente no setor de chips e na tecnologia de fabricação de semicondutores. Também afirmou que, desde a última rodada bilateral de negociações em Madri, em setembro, os EUA aprovaram uma nova rodada de medidas restritivas direcionadas à China e que a lista de controle de exportação dos EUA ultrapassa 3.000 itens, em comparação com os 900 da lista chinesa.

Embora China e EUA tenham se aproximado nos últimos meses por meio de quatro rodadas de negociações, os níveis de hostilidade aumentaram novamente na semana passada, colocando em risco uma eventual reunião entre os líderes dos dois países na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC) na Coreia do Sul no final de outubro.

Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, conversaram por telefone em 18 de setembro, quando aprovaram um acordo preliminar para permitir que o TikTok continuasse operando nos Estados Unidos e concordaram em se reunir na cúpula da APEC.

No entanto, o presidente dos EUA disse na última sexta-feira — um dia depois que a China anunciou novas restrições sobre terras raras — que não vê mais motivos para se reunir com Xi. "É impossível acreditar que a China tenha tomado tal medida, mas o fez, e o resto é história", afirmou Donald Trump na Truth Social.

A escalada entre as duas principais economias do mundo agitou Wall Street: o Nasdaq perdeu 3,56% e o S&P 500, 2,71%.

Esse aumento de 100 pontos percentuais se somará à média de 30% de impostos alfandegários pagos atualmente pelos produtos chineses.

Terras raras

Em uma longa publicação em sua rede Truth Social, Trump criticou duramente a imposição, por parte da China, de controles à exportação de terras raras e produtos fabricados com esses minerais a todos os países do mundo.

Esses minerais são fundamentais para a fabricação de diversos tipos de produtos, desde smartphones e veículos elétricos até equipamentos militares e componentes de energias renováveis.

"De forma alguma deve-se permitir que a China mantenha o mundo 'refém', mas esse parece ter sido seu plano já há bastante tempo", escreveu o republicano.

Trump também colocou em dúvida a realização de uma cúpula que tinha prevista com Xi em duas semanas, na Coreia do Sul — o primeiro encontro entre ambos os líderes desde o retorno do republicano à Casa Branca, em janeiro.

"Eu tinha planejado me reunir com o presidente Xi em duas semanas, na Apec, na Coreia do Sul, mas agora parece que não há motivos para isso", explicou.

No entanto, horas depois, ainda na sexta-feira, 10, o presidente disse aos jornalistas no Salão Oval que não havia cancelado a reunião.

"Não sei se ela vai acontecer. De qualquer forma, estarei lá, então suponho que sim, que ela acontecerá", afirmou.

Na semana passada, Trump havia destacado a importância de se reunir com Xi na cúpula de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico e anunciou que visitaria a China em 2026.

O mandatário americano disse estar surpreso com a atitude de Pequim, após o que considerou seis meses de boas relações entre ambos. "Coisas muito estranhas estão acontecendo na China! Está se tornando muito hostil", declarou Trump.

Washington e Pequim se envolveram em uma guerra tarifária logo após o retorno de Trump. Embora ambas as partes tenham concordado em uma trégua quando as tarifas mútuas chegaram à casa dos três dígitos, o aumento das tensões demonstra a instabilidade das relações bilaterais.

Na semana passada, o republicano havia afirmado que exigiria de Xi a compra de mais soja dos agricultores americanos — considerados fundamentais para sua vitória nas eleições presidenciais de 2024.

Pequim também anunciou na sexta-feira que aplicará "tarifas portuárias especiais" a navios operados ou construídos pelos Estados Unidos, uma medida que Washington aplica desde abril a embarcações vinculadas à China.

Acompanhe tudo sobre:ChinaEstados Unidos (EUA)Xi JinpingDonald TrumpTarifas

Mais de Mundo

Motim militar em Madagascar: unidade rebelde declara comando das Forças Armadas

Netanyahu diz que Israel está pronto para receber "imediatamente" todos os reféns de Gaza

Paquistão fecha fronteira após tiroteio com Afeganistão; 58 soldados mortos

Trump fará reunião com líderes mundiais sobre Gaza, e Hamas indica que próxima fase será difícil