Choe Ryong-hae, enviado especial do líder norte-coreano, Kim Jong-un, visita Zona de Desenvolvimento Técnico e Econômico de Pequim, na China (KCNA/Reuters)
Da Redação
Publicado em 3 de junho de 2013 às 11h17.
Pequim - A China alertou o Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados (Acnur) nesta segunda-feira contra "declarações irresponsáveis" a respeito de nove desertores norte-coreanos, que a ONU acredita terem sido repatriados pelo governo chinês na semana passada para a Coreia do Norte, país isolado e de regime ditatorial.
A ONU afirmou na sexta-feira que estava preocupado com a deportação, pela China, dos nove jovens à Coreia do Norte, onde correm o risco de receber punição severa, possivelmente até serem executados, por terem fugido do país.
O Laos enviou de volta para a China os nove norte-coreanos, que se acredita sejam todos órfãos, logo após cruzarem a fronteira. O escritório do Acnur afirmou na semana passada que estava buscando esclarecimentos da China e do Laos.
"Esperamos que o Acnur não faça declarações irresponsáveis com base em notícias não verificadas", declarou o porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, na sua entrevista coletiva diária.
Os nove voltaram para a Coreia do Norte na terça-feira, disse Hong, mas ele negou que o governo norte-coreano tenha procurado fazer com que eles fossem repatriados.
"A China não recebeu nenhuma solicitação de partes interessadas para ajudar na repatriação dessas pessoas", disse ele.
"Conforme verificado pelo lado chinês, as nove pessoas entraram na China em 27 de maio e deixaram a China em direção à Coreia em 28 de maio, com documentos e vistos legais e válidos", disse ele. "As autoridades de fronteira chinesa inspecionaram seus documentos de viagem e aprovaram a sua saída."
Centenas de norte-coreanos tentam fugir de seu país todos os anos, geralmente cruzando primeiro para a China e, em seguida, indo para o Sudeste Asiático. Muitos acabam em um centro de acolhimento em Bangcoc, de onde são levados para a Coreia do Sul.
É uma viagem altamente arriscada, de mais de 5.000 km. Na China, eles têm de tomar cuidado para evitar agentes norte-coreanos, uma rede de informantes e a polícia. Muitos são repatriados pela China e encaminhados a campos de trabalho forçado, onde correm o risco de passar fome. Alguns foram executados.
Questionado sobre política chinesa em relação a desertores norte-coreanos, Hong disse que a China sempre trata esses casos com base em "suas leis internas e leis internacionais, bem como os princípios humanitários".
"Nós sempre nos opomos a fazer disso um problema internacional e político ou um problema de refugiados", disse ele.
O direito internacional exige que as pessoas sejam autorizadas a requerer asilo e não ser expulsas para um país onde sua vida ou liberdade possam estar sob ameaça.
O escritório de direitos humanos da ONU na semana passada pediu à Coreia do Norte permissão para monitores independentes visitarem os desertores.