Repórter
Publicado em 30 de abril de 2025 às 06h22.
Em uma medida silenciosa para aliviar os impactos da guerra tarifária com os Estados Unidos, a China elaborou uma lista de produtos norte-americanos que serão temporariamente isentos de taxas extras de importação, segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters nesta quarta-feira, 30.
A lista, que ainda não foi divulgada publicamente, inclui categorias de produtos que vinham sendo sobretaxados com tarifas de até 125%. A ação, segundo as fontes, é vista como uma tentativa de Pequim de oferecer alívio a setores estratégicos sem abandonar a retórica dura de confronto com Washington, especialmente enquanto as tarifas americanas seguem em 145%.
Segundo a Reuters, autoridades chinesas vêm notificando discretamente empresas locais e multinacionais sobre quais produtos poderão entrar no país sem as novas tarifas.
Entre os setores beneficiados estariam o farmacêutico, o de semicondutores e o de motores aeronáuticos — segmentos altamente dependentes de tecnologias e insumos dos Estados Unidos.
Um executivo de uma farmacêutica que importa medicamentos fabricados nos EUA afirmou à agência que foi contatado pelas autoridades do governo local em Xangai, sendo informado sobre as isenções. A empresa já vinha pressionando por exclusões tarifárias por depender de tecnologias norte-americanas.
Outras companhias, segundo a agência, foram orientadas a procurar discretamente as autoridades para verificar se suas importações poderiam ser enquadradas na política de exceção.
A lista de produtos isentos parece estar em expansão.
A China também retirou as tarifas sobre importações de etano vindo dos EUA — combustível crucial para a indústria química. A decisão teria sido tomada após grandes processadoras do insumo solicitarem formalmente a dispensa, alegando que os EUA são o único fornecedor viável.
Além disso, autoridades chinesas têm realizado pesquisas com empresas para medir os efeitos da guerra comercial. Em províncias do leste e do sudeste, como Fujian, entidades empresariais estrangeiras foram convidadas a relatar os prejuízos causados pelas tarifas, incluindo os impactos sobre o setor têxtil e o de semicondutores, conforme relatos de fontes à Reuters.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou nesta terça-feira que enxerga a possibilidade de um novo acordo comercial com a China, mas afirmou que ele precisa ser “justo”.