Repórter
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 17h40.
Última atualização em 1 de outubro de 2025 às 17h52.
Um total de 39 membros da família Ming, acusados de realizarem vários tipos de operações ilegais na cidade de Laukkaing, no Mianmar, perto da fronteira com a China foram presos e condenados na última segunda-feira, 29.
De acordo com a BBC, as penas variam entre prisão perpétua e décadas de prisão. Dentre os condenados, 11 membros da família receberam a pena de morte imediata, e outros 11 a receberão daqui a dois anos.
As atividades do grupo começaram em 2015 e incluíam tráfico de drogas, jogos de azar e prostituição.
A vila também servia como centro de operações para fraudes pela internet, que eram realizadas por pessoas em regime de trabalhos forçados. Eles também foram considerados culpados de terem executado trabalhadores que tentavam fugir do local, para voltar à China, diz a corte do país.
A Justiça chinesa estima que suas operações de apostas e fraudes renderam 10 bilhões de Yuan, o equivalente a cerca de 7 bilhões de reais.
De acordo com a BBC, família Ming era uma das quatro grandes famílias com atuação mafiosa, que coordenavam sindicatos do crime no estado de Shan, em Mianmar. Essas famílias mantinham o controle do crime organizado e eram capazes de atuar de forma relativamente protegida devido aos altos níveis de corrupção na área.
As operações da família Ming envolviam cerca de 10.000 pessoas. O maior centro de operações do grupo, um complexo em Laukkaing, recebeu o nome de Vila do Tigre Agachado (Crouching Tiger Vila), onde trabalhadores eram espancados e torturados, diz a BBC.
Era o epicentro do que as Nações Unidas chamaram de ‘pandemia das fraudes’ onde centenas de milhares de trabalhadores eram enganados com promessas de trabalho, para serem capturados e forçados a trabalhar longas horas em condições de escravidão, conduzindo golpes e operações fraudulentas para a família.
Há anos, o governo chinês vinha se afastando dos líderes militares de Mianmar. Assim, chineses passaram a apoiar juntas militares opostas ao governo de Mianmar, e algumas delas conseguiram expulsar a presença do Estado e do Exército na região fronteiriça.
Em 2023, uma ofensiva rebelde dessas juntas, com o apoio de Pequim, invadiu a vila e capturou os membros da família. Autoridades chinesas disseram que 53.000 pessoas envolvidas, tanto criminosos quanto trabalhadores chineses explorados, retornaram à China como resultado do ataque.
Além disso, houve também recompensas generosas por dicas que ajudassem a capturar membros da família Ming, que chegaram a US$ 70.000, diz reportagem da CNN.
Em custódia, Ming Xuechang, patriarca da família, cometeu suicídio. Outros membros fizeram confissões de arrependimento, de acordo com a BBC.