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China busca sobreviventes do terremoto que deixou 400 mortos

Mais de 20 mil militares, policiais e bombeiros procuram sobreviventes do grave terremoto que castigou o sudoeste da China ontem

Área atingida por terremoto na região de Yunnan, na China (China Daily/Reuters)

Área atingida por terremoto na região de Yunnan, na China (China Daily/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 4 de agosto de 2014 às 13h36.

Pequim  - Uma equipe de mais de 20 mil militares, policiais e bombeiros procura nesta segunda-feira, em uma corrida contra o tempo e debaixo de chuva, os possíveis sobreviventes do grave terremoto que castigou o sudoeste da China ontem e que já causou 400 mortes e deixou mais de 1.800 feridos.

O forte terremoto, de 6,5 graus na escala aberta de Richter, atingiu o condado de Ludian, de mais de 400 mil habitantes e situado na província de Yunnan. A área é remota e exclusivamente agrícola, com casas velhas e de madeira muito vulneráveis a tremores.

As autoridades atribuíram o elevado número de vítimas à fragilidade das casas, a densidade de população da área afetada e a pouca profundidade do epicentro terremoto, o que aumentou a possibilidade de desastres secundários como deslizamentos de terra.

"A maior parte das casas não estava preparada para terremotos (...) e Ludian é reconhecida pelo governo como uma zona especialmente pobre. A cada quilômetro quadrado de casas há uma média de 265 pessoas, o dobro que a média provincial", informou a Administração Sismológica da China em comunicado.

Conforme os últimos dados divulgados, o terremoto afetou mais de um milhão de pessoas na cidade de Zhaotong - onde fica o condado de Ludian - e na vizinha Qujing. Mais de 230 mil pessoas já saíram de ambas as cidades.

De acordo com o presidente da China, Xi Jinping, a prioridade das autoridades agora é encontrar pessoas que tenham ficado sob os escombros e dar resguardo aos moradores da região afetada, já que o medo é de que, nas próximas horas, ocorram réplicas e mais deslizamentos de terra.

O primeiro-ministro, Li Keqiang, chegou ao local para coordenar os trabalhos de resgate, em meio a críticas ao governo por falta de investimento nessa área da China. Aproximadamente, 80 mil casas desabaram e outras 124 mil foram seriamente danificadas, segundo os dados do governo provincial, que tenta restabelecer o transporte em algumas ruas ainda tomadas por destroços.

De fato, ainda não é possível chegar a algumas zonas afastadas. As autoridades enviaram seis helicópteros e dois aviões de carga para explorarem as rotas possíveis e transportar materiais de auxílio como cobertores e tendas de campanha.

O governo chinês anunciou que destinará 600 milhões de iuanes (R$218.356.700) para os trabalhos de resgate, equipamentos médicos e todas as necessidades dos desabrigados, segundo um comunicado. A falta de caminhos transitáveis, no entanto, levou o caos ao local onde ocorreu o epicentro do terremoto.

"Tem uma pessoa com hemorragia cerebral precisando ser operada, mas não é possível fazer isso aqui. Todas as ruas estão bloqueadas e sabe Deus quando poderemos fazer as transferências para um hospital em condições", disse o vice-presidente do Hospital de Medicina Tradicional China, Chen Chaoxiu, sobre um paciente à agência oficial de notícias "Xinhua".

Chen falava do hospital de campanha montado na região, onde os remédios e o estoque de sangue já começam a faltar depois que ele e outros 60 médicos atenderam 200 feridos.

Mais de 300 mortos viviam em Ludian, onde o tremor derrubou uma delegacia policial e uma clínica, soterrando dez pessoas, incluindo três agentes e sete pacientes e enfermeiros, conforme confirmaram fontes oficiais a "Xinhua".

Ontem à noite, a chuva começou a cair na região e as tendas levadas até esse ponto não foram suficientes para proteger os sobreviventes, que ainda hoje continuam sem eletricidade e com a comunicação cortada.

O maior hospital Ludian está superlotado, e, segundo diversas imagens que começaram a ser publicadas na internet, os enfermeiros começaram a colocar colchões no chão para atender ao maior número de pessoas possível.

"Onde moramos, a maioria das casas veio abaixo. Estou assustada", disse à "Xinhua" Liu Lumei, que sobreviveu, mas teve a coluna atingida por conta do desmoronamento da casa.

Pelas câmaras de segurança do condado é possível ver quando os moradores começam a sair de suas casas, correndo pelas ruas ao perceber o tremor. Posteriormente, as paredes começam a cair.

Alguns voluntários da Cruz Vermelha chinesa começaram a chegar aos locais afetados depois de mais de três horas andando de bicicleta.

"Não podemos ficar em casa. Temos que fazer alguma coisa, qualquer coisa", contou Li Zhiming, de 18 anos, que é voluntária junto a seus companheiros para levar água, comida e materiais aos feridos no condado."

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