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China aposta na urbanização para criar mercado consumidor

Brasília - Mesmo tendo que tomar medidas para conter a inflação, o governo chinês continuará investindo na construção de cidades para fortalecer o mercado consumidor interno. De acordo com o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, o processo de urbanização da população chinesa será estimulado, ao mesmo tempo que o governo tomará medidas pontuais, em […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - Mesmo tendo que tomar medidas para conter a inflação, o governo chinês continuará investindo na construção de cidades para fortalecer o mercado consumidor interno. De acordo com o embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, o processo de urbanização da população chinesa será estimulado, ao mesmo tempo que o governo tomará medidas pontuais, em determinados setores, para conter a demanda.

Dados econômicos chineses demonstraram que a inflação subiu nos primeiros três meses do ano. Em abril, o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 2,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. No entanto, o governo aposta em fechar o ano com inflação perto dos 3%.

"O governo chinês dá muita importância à formação de um mercado interno forte, porque somente o mercado externo não é suficiente para promover o desenvolvimento econômico do país. Estamos promovendo um processo muito forte de urbanização. Até o momento, cerca de 80% da população chinesa vivem no campo, e os campesinos têm um nível relativamente baixo de consumo. Com esse processo de urbanização, a situação vai mudar", disse Qiu Xiaoqi, em entrevista à Agência Brasil.

A urbanização promovida pelo governo não tem nada a ver com o estímulo à mudança da população rural para cidades já existentes. O governo chinês optou por edificar centros urbanos inteiros destinados à moradia de parcela da população que ainda vive na área rural. O objetivo do investimento é “construir” literalmente na China um robusto mercado consumidor interno, capaz de garantir estabilidade para a economia, mesmo com todo o resto do mundo desmoronando.

Até 2020, o governo pretende transportar para as cidades cerca de 400 milhões de pessoas. Cerca de 400 novas cidades deverão surgir para abrigá-las na chamada China Moderna. Atualmente existem 700 milhões de chineses vivendo ainda em áreas rurais, ou seja, não consumindo. “Esse movimento de criação de mercado de consumo interno vai continuar e acredito que daqui a alguns anos será responsável por mudar todo aspecto da China”, disse o embaixador.

Com a crise financeira mundial, o governo adotou medidas de incentivo para a compra de eletrodomésticos, televisões e telefones celulares. Em 2009, a China lançou um programa de subsídio aos agricultores para a compra de determinadas marcas de televisão a cores, geladeiras e celulares que, na opinião do embaixador, foi fundamental para dinamizar a economia e manter a estabilidade do país em meio às turbulências externas.

"O governo emprestou muito dinheiro para que os campesinos tivessem acesso a esses bens de consumo e isso produziu efeitos muito positivos para a economia", avaliou.

O programa atingiu três regiões essencialmente rurais: as províncias de Shandong, Henan e Sichuan. A cidade de Qingdao também foi incluída no programa. O governo estipulou como preços máximos 2 mil yuans para a televisão a cores, 2,5 mil yuans para a geladeira e mil yuans para o celular. O subsídio de 13% para a compra dos aparelhos foi dividido entre o governo central, que arcou com 80%, e os governos provinciais e municipais, que arcaram com 20%. Cada família rural pôde comprar dois artigos de cada categoria.

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