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China anuncia taxas sobre navios americanos e amplia disputa marítima com os EUA

A medida, segundo Pequim, é uma resposta direta às tarifas impostas por Washington a embarcações chinesas

China: medida chinesa mira embarcações americanas em meio à escalada comercial com os EUA. (AFP/AFP Photo)

China: medida chinesa mira embarcações americanas em meio à escalada comercial com os EUA. (AFP/AFP Photo)

Publicado em 10 de outubro de 2025 às 07h07.

A China anunciou nesta sexta-feira, 10, que começará a cobrar taxas especiais sobre navios dos Estados Unidos que atracarem em seus portos.

A medida, segundo Pequim, é uma resposta direta às tarifas impostas por Washington a embarcações chinesas.

De acordo com o Ministério dos Transportes da China, a cobrança começa em 14 de outubro, com uma taxa inicial de 400 yuans (cerca de US$ 56) por tonelada líquida para cada navio americano que atracar em portos chineses.

O valor aumentará gradualmente até atingir 1,120 yuans por tonelada em abril de 2028.

O comunicado do governo afirma que a medida é uma retaliação ao plano dos Estados Unidos de taxar navios construídos, operados ou de propriedade chinesa — uma iniciativa que, segundo Pequim, “viola princípios básicos do comércio internacional e o Acordo Marítimo entre os dois países”.

Escalada em meio a negociações comerciais

Segundo a Bloomberg, novas tarifas ocorrem enquanto os dois países tentam avançar em negociações para reduzir tensões comerciais e antes de uma reunião considerada crucial entre os presidentes dos dois países, prevista para este mês.

As tarifas norte-americanas, anunciadas em abril, impactou o setor global de transporte marítimo, historicamente dependente da indústria naval chinesa.

Grandes companhias, como a Cosco Shipping Holdings, podem enfrentar custos adicionais de bilhões de dólares para continuar operando rotas comerciais com os EUA, de acordo com projeções do Citigroup.

O que muda com as novas regras

A medida de Pequim determina que qualquer navio operado ou controlado por empresas, ou cidadãos americanos será considerado “navio dos Estados Unidos” — mesmo que a embarcação não esteja registrada sob bandeira norte-americana.

Segundo as regras, um navio será classificado como americano se:

  • Tiver 25% ou mais do capital ou direito de voto controlado por entidades dos EUA;
  • For operado ou de propriedade de empresas americanas;
  • Navegar sob bandeira dos EUA ou tiver sido construído em território americano.

O objetivo, segundo analistas ouvidos pela Bloomberg, é espelhar a política dos EUA e exercer pressão sobre as empresas americanas que dependem do mercado marítimo chinês.

Peso global da disputa

Embora os Estados Unidos não liderem o transporte marítimo mundial, a decisão de Pequim pode redefinir o equilíbrio no setor, forçando companhias globais a rever rotas e acordos logísticos, de acordo com a reportagem.

Segundo os dados da Clarkson Research Services, os EUA ocupam a 20ª posição entre as bandeiras de navios no mundo, com uma frota de 11,7 milhões de toneladas brutas — contra 92 milhões sob bandeira chinesa, que coloca o país como o sexto maior registro naval do planeta.

Atualmente, a China é responsável por quase um quarto de todas as embarcações comerciais em operação, enquanto os Estados Unidos respondem por menos de 1%.

 

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