Repórter
Publicado em 14 de outubro de 2025 às 06h29.
A China impôs sanções contra cinco unidades americanas da Hanwha Ocean, grupo sul-coreano do setor naval, em uma nova escalada das tensões comerciais com os Estados Unidos em meio à preparação para novas negociações entre os dois países.
A decisão provocou reação imediata nos mercados financeiros. As ações da Hanwha despencaram na Bolsa de Seul, enquanto estaleiros chineses registraram alta. O episódio é mais um capítulo na disputa por influência no setor marítimo global, responsável pela maior parte do comércio internacional.
As autoridades chinesas afirmaram que as subsidiárias da Hanwha teriam contribuído com investigações conduzidas por Washington sobre a indústria naval da China, segundo a Bloomberg, o que teria comprometido interesses considerados estratégicos por Pequim.
O setor naval é um dos focos da disputa entre os dois países. De um lado, os Estados Unidos tentam reativar sua indústria com apoio internacional, especialmente da Coreia do Sul. Do outro, a China já domina grande parte da produção global de embarcações e tenta conter a influência americana no mercado asiático.
A Hanwha havia apoiado publicamente investigações conduzidas pelo Escritório do Representante de Comércio dos EUA, o que pode ter motivado a retaliação chinesa. A empresa afirmou que está avaliando os possíveis efeitos da medida em seus negócios.
Enquanto isso, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou ao Financial Times que a China está prejudicando as cadeias produtivas globais ao adotar restrições severas a exportações de insumos críticos, como terras raras. Para ele, a medida é uma tentativa de pressionar parceiros comerciais em um momento de fragilidade da economia chinesa.
Bessent também declarou que, ao atacar setores estratégicos dos Estados Unidos e de seus aliados, Pequim estaria comprometendo sua própria posição no mercado internacional. Segundo ele, se a intenção for desacelerar o comércio global, a China também pagará o preço.
As novas restrições ocorrem a poucos dias de um possível encontro entre o presidente dos EUA, Donald Trump, e o líder chinês Xi Jinping, previsto para o fim do mês, durante reunião da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, na Coreia do Sul.
Autoridades americanas indicaram que o governo já prepara medidas de resposta caso não haja avanços nas negociações. Entre as propostas está a exigência de licenças para exportações de software aos chineses — o que pode afetar diretamente setores industriais estratégicos de Pequim.