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China adverte à Índia que não permitirá interferências na sucessão do Dalai Lama

O governo indiano enquadrou a sucessão do Dalai Lama como uma questão puramente religiosa e disse que Nova Délhi "não toma nenhuma posição" sobre questões de fé

O Dalai Lama comemorou seu 90º aniversário neste domingo na cidade indiana de Dharamshala, onde permanece exilado, com autoridades indianas, lamas supremos e seu círculo íntimo (AFP/AFP)

O Dalai Lama comemorou seu 90º aniversário neste domingo na cidade indiana de Dharamshala, onde permanece exilado, com autoridades indianas, lamas supremos e seu círculo íntimo (AFP/AFP)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 6 de julho de 2025 às 14h51.

O embaixador chinês na Índia advertiu Nova Délhi que o processo de sucessão do Dalai Lama é uma prerrogativa da China e que "nenhuma interferência externa" será permitida na reencarnação do líder espiritual budista tibetano, que completa 90 anos neste domingo.

"O governo chinês defende o princípio da independência e do autogoverno em questões religiosas e administra a reencarnação dos budas vivos, incluindo a do Dalai Lama, de acordo com a lei. Nenhuma interferência externa será permitida", disse o embaixador Xu Feihong em uma mensagem publicada em seu perfil na rede social X.

O diplomata afirmou que "a concessão de seu status (do Dalai Lama) e de seus títulos religiosos é uma prerrogativa do governo central da China".

"O governo chinês se opõe a qualquer tentativa de organizações ou indivíduos estrangeiros de interferir ou ditar o processo de reencarnação", acrescentou Xu Feihong.

"Xizang (o nome chinês para o Tibete) é uma parte inalienável do território chinês. O budismo tibetano tem suas origens no Planalto Qinghai-Tibetano da China. As principais regiões onde o budismo tibetano é praticado estão na China. A linhagem do Dalai Lama foi formada e evoluiu na região tibetana da China", enfatizou o representante diplomático.

A mensagem do embaixador vem depois que o ministro de Assuntos sobre Minorias indiano, Kiren Rijiju, disse à imprensa local na quinta-feira passada que a decisão sobre a reencarnação do Dalai Lama cabe exclusivamente ao líder espiritual do budismo tibetano, que está exilado na Índia desde 1959.

Um dia antes, o Dalai Lama, Tenzin Gyatso, assegurou que sua linhagem continuará após sua morte e que sua reencarnação será administrada por seu círculo mais próximo, o Gaden Phodrang Trust, a fundação que administra sua autoridade e propriedade, desafiando assim as intenções da China de administrar a sucessão do líder espiritual.

Em comunicado posterior, o governo indiano enquadrou a sucessão do Dalai Lama como uma questão puramente religiosa e disse que Nova Délhi "não toma nenhuma posição" sobre questões de fé.

O Dalai Lama comemorou seu 90º aniversário neste domingo na cidade indiana de Dharamshala, onde permanece exilado, com autoridades indianas, lamas supremos e seu círculo íntimo.

Embora a Índia não reconheça formalmente o governo tibetano no exílio, sua decisão de receber e proteger o líder espiritual é um ponto constante de atrito diplomático entre Nova Délhi e Pequim, que têm suas próprias disputas de fronteira no Himalaia.

Após a anexação do Tibete pela China no início da década de 1950, dezenas de milhares de tibetanos fugiram para a Índia, o país que abriga o maior número de refugiados provenientes desse território.

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