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China adota novo plano para aumentar natalidade: R$ 2.700 por ano por criança

Subsídio nacional será pago até os 3 anos de idade, em meio à crise demográfica e ao fechamento de creches na China

China: taxa de natalidade no país é uma das mais baixas do mundo, com cerca de um filho por mulher (Sun Wenyu /Unsplash)

China: taxa de natalidade no país é uma das mais baixas do mundo, com cerca de um filho por mulher (Sun Wenyu /Unsplash)

Publicado em 19 de julho de 2025 às 07h01.

Em uma nova tentativa de conter o declínio acentuado da taxa de natalidade do país, a China anunciou que irá oferecer um subsídio anual de 3.600 yuans (cerca de R$ 2.700) por criança até os 3 anos de idade. Segundo informações do Wall Street Journal, a medida terá alcance nacional, mas ainda não há data definida para o início dos pagamentos.

Essa é a primeira intervenção direta do governo central após anos de esforços locais para incentivar a natalidade, que incluíram benefícios em dinheiro e subsídios habitacionais. Ainda assim, especialistas duvidam que o valor seja suficiente para reverter uma tendência demográfica que já afeta o crescimento econômico do país. A taxa de natalidade chinesa, hoje em torno de 1 filho por mulher, é uma das mais baixas do mundo.

Segundo o pesquisador Huang Wenzheng, do instituto YuWa, que participou das discussões sobre a nova política, o subsídio anunciado representa metade do que demógrafos e economistas haviam recomendado. Ele estima que os gastos governamentais precisariam ser 50 vezes maiores para que a taxa voltasse ao nível de reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher.

A crise demográfica se agravou nos últimos anos: a China registrou queda no número de nascimentos por seis anos seguidos até uma leve recuperação após o fim da política de Covid zero.

Em 2024, porém, apenas 6,1 milhões de casais se casaram, uma queda de 21% na comparação anual e o menor número desde que a estatística passou a ser publicada, em 1986.

A expectativa é de que os nascimentos em 2025 fiquem abaixo de 9 milhões, menos da metade do total de 2016, quando o país autorizou oficialmente o segundo filho por casal.

Embora Pequim demonstre reconhecer o desafio demográfico, adotando medidas como o adiamento gradual da aposentadoria, analistas apontam uma abordagem ainda tímida. Para a pesquisadora Ilaria Mazzocco, do Center for Strategic and International Studies, o investimento em tecnologias estratégicas como a inteligência artificial tem deixado menos espaço no orçamento para políticas sociais mais amplas, que poderiam ter impacto duradouro na taxa de natalidade.

Enquanto isso, o efeito da queda populacional já é sentido em setores como o da educação infantil. Mais de 20 mil jardins de infância fecharam em 2023, resultando na demissão de cerca de 250 mil professores. Sem perspectivas na educação, muitos agora consideram migrar para áreas como o cuidado de idosos, um setor em crescimento.

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