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China admite que 80% de águas subterrâneas estão poluídas

O estudo, realizado mediante análise de 2.103 poços selecionados nas principais bacias do país, mostra que a água de 1.685 deles não é apta para consumo humano


	Poluição: os resultados indicam que "a poluição de água é tão grave como a atmosférica"
 (Kevin Frayer / Getty Images)

Poluição: os resultados indicam que "a poluição de água é tão grave como a atmosférica" (Kevin Frayer / Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 12 de abril de 2016 às 10h01.

Pequim - A primeira pesquisa das autoridades ambientais chinesas sobre a qualidade de seus aquíferos revelou que 80% das águas subterrâneas do país estão poluídas, de acordo com informações publicadas nesta terça-feira pela imprensa oficial chinesa

O estudo, realizado mediante análise de 2.103 poços selecionados nas principais bacias do país, mostra que a água de 1.685 deles não é apta para consumo humano, e uma importante parte destes, 994 (um 47,3% do total), nem sequer podem ser destinadas a usos agrícolas ou industriais.

As medições foram realizadas pelo Ministério de Recursos Aquáticos da China, que publica mensalmente dados de poluição nacional, mas até agora nunca tinha analisado com detalhe essas águas subterrâneas.

Os resultados indicam que "a poluição de água é tão grave como a atmosférica", afirmou hoje com relação ao relatório a organização meio ambiental Greenpeace, através da ambientalista Ada Kong.

"É positivo que o Ministério reconheça a magnitude do problema, o passo seguinte é empreender ações sérias para enfrentar esta crise", ressaltou o especialista.

A principal razão desta poluição é o excessivo uso de pesticidas e adubos químicos na agricultura, já que muitas de suas substâncias poluentes são filtradas através do solo aos aqüíferos subterrâneos.

"A poluição ameaça a saúde da população local e os cultivos, além de constituir um possível risco geológico, já que o excessivo uso de água subterrânea pode gerar afundamentos no terreno", afirmou Kong em comunicado do Greenpeace.

A situação é especialmente grave em regiões mais áridas da China onde a dependência de água subterrânea é maior, como o nordeste do país e a Mongólia Interior (norte), já que nessas zonas a porcentagem de poluição nos aqüíferos estudados alcança 90%.

Os resultados do estudo alarmaram os cidadãos chineses, perante o temor de que a água de suas torneiras esteja altamente poluída, o que obrigou o Ministério de Recursos Aquáticos a esclarecer que a qualidade dessa água é "em geral boa" já que procede de aqüíferos mais profundos do que os estudados.

O Greenpeace pediu perante isso análise específicas para a água subterrânea de maior profundidade, destinada ao consumo humano, e se queixou da descoordenação entre dois ministérios chineses (o mencionado de Recursos Aquáticos e o de Proteção Meio Ambiental), que freia as medidas para solucionar o problema.

Em 2015, o governo chinês lançou um plano de ação com o objetivo de que no final desta década a porcentagem de água subterrânea de baixa qualidade não supere 15% do total.

Também estabeleceu que para 2020, 70% das água das sete grandes bacias fluviais do país tenha qualidade alta, e que 95% da água das torneiras nas cidades -onde a maioria da população bebe água engarrafada- alcance níveis ótimos para o consumo.

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